Rio de Janeiro 02/02/2021 - Foi sepultado na tarde desta terça feira o corpo do Gari Marcelo de Almeida da Silva, que foi morto com tiro nas costas quando saía para trabalhar na Vila Cruzeiro.Na foto acima a esposa Maria da Conceição Jesus de Paula. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agencia O Dia
Rio de Janeiro 02/02/2021 - Foi sepultado na tarde desta terça feira o corpo do Gari Marcelo de Almeida da Silva, que foi morto com tiro nas costas quando saía para trabalhar na Vila Cruzeiro.Na foto acima a esposa Maria da Conceição Jesus de Paula. Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford/Agencia O Dia
Por Aline Cavalcante
Rio - Nesta terça-feira (2), familiares e amigos se despediram e pediram justiça pelo gari Marcelo de Almeida da Silva, 38, que morreu durante um confronto no domingo na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio, quando saía para trabalhar. O sepultamento aconteceu no cemitério de Inhaúma, Zona Norte.
"Mataram ele e arrastaram como um cachorro, ele está todo ralado. Mataram ele porque era só mais um preto da comunidade, mas ele era um trabalhador, honesto. Ele era muito amado, tinha amigos. Como vou fazer sem ele agora? Eu sou depressiva, não trabalho, como vou viver? Eu quero resposta", cobrou a esposa. Maria da Conceição Jesus de Paula.

Emocionado, o filho, Marcelo Júnior, 20, falou da relação que tinha com o pai.

"Mataram meu pai, meu amigo. Um homem que trabalha desde os 14 anos. Tiraram ele de mim, parceiro de praia, academia e de pipa. Que falta ele vai fazer".

Uniformizados, colegas de trabalho da vítima também pediram por justiça.

"Vamos cobrar da Comlurb, do sindicato dos garis, da prefeitura e do governador que agora eles amparem esta família. O Marcelo não estava à toa na rua ou indo se divertir, ele estava indo trabalhar. Ele era um colega prestativo e estava sempre sorrindo. Viemos aqui hoje homenageá-lo e cobrar resposta do governo também", afirmou Ionéia Moreira, 46, membro da Comissão dos Garis.

Contradição

Marcelo foi atingido por um tiro nas costas, mas, segundo Arnaldo de Almeida da Silva, 43, Marcelo foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas por policiais que prestaram depoimento dizendo que ele tinha tido uma convulsão. A família afirma que o tiro que matou a vítima partiu da polícia.

"Deram esta versão e nós da família que informamos na delegacia que ele havia sido alvejado por um tiro. Isso eu descobri quando eu fui no hospital ele chegou morto já. Por que esta contradição? A camisa que ele usava estava cheia de sangue e perfurada, como não viram? A polícia atirou nele. Eles são assim, atiram e depois perguntam. Depois que mataram ele viram que ele era trabalhador e sumiram com a mochila dele onde estava o uniforme da Comlurb, chave do carro, tudo. Largaram ele no hospital como indigente e ainda alegaram que ele estava em convulsão. Até os documentos sumiram, por isso só hoje pudemos enterrá-lo", relatou o único irmão de Marcelo, que também é gari e mora na Vila Cruzeiro.