De acordo com a prefeitura, as informações de monitoramento foram cruzadas com as reclamações de usuários de várias áreas da cidade e servirão de base para a montagem de um plano de recuperação dessas linhas.
O Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas, informou que os consórcios já receberam os ofícios com as notificações enviadas pela SMTR e que vão analisar o seu conteúdo junto com o corpo técnico, além de avaliar com o município as condições de atendimento às solicitações para, segundo o Rio Ônibus, fazer frente aos prejuízos enfrentados pelas empresas.
Porta-voz do Rio Ônibus, Paulo Valente admite que há menos ônibus nas ruas, e atribui a redução da frota à queda de 45% do número total de passageiros, o que, segundo afirma, representa uma queda de R$ 1 bilhão na receita das empresas no acumulado de março de 2020 a janeiro deste ano.
"Diante desse quadro, as empresas tiveram que reduzir despesas e racionalizar a frota, pois cerca da metade dos passageiros, que correspondem à única receita das empresas, deixou de usar o sistema de ônibus. Além da pandemia, as vans clandestinas cresceram sem fiscalização e não houve nenhuma regulação dos transportes por aplicativos. Se a prefeitura entende que devemos colocar todos os ônibus na rua, é preciso que ela contribua para o equilíbrio econômico-financeiro das empresas", defende Paulo Valente.
Além do reforço na fiscalização às vans clandestinas, o Rio Ônibus pede definições sobre a readequação da frota, revisão e otimização de trajetos de linhas e atualização da tarifa de ônibus.
RODÍZIO DE PROFISSIONAIS
Enquanto passageiros enfrentam redução de ônibus, trabalhadores das empresas lutam para manter seus empregos. Na última segunda-feira, motoristas do BRT, nos corredores Transoeste, Transcarioca e Transolímpica, fizeram uma greve contra a aplicação do 5º Termo Aditivo à Convenção Coletiva do Trabalho, que prevê rodízio de profissionais e consequente redução salarial. A medida pode significar uma redução ainda maior de ônibus nas ruas.
"A categoria entende que essa medida não pode se enquadrar no BRT, pois os ônibus articulados do sistema vivem lotados. Como vão reduzir ainda mais os ônibus? Se as empresas ainda assim alegam prejuízos, isso foge à alçada dos trabalhadores e deve ser resolvido junto ao poder concedente", afirma Sebastião José, presidente do Sindicato dos Rodoviários.
O Consórcio BRT Rio suspendeu o rodízio e ficou decidido, em reunião no Tribunal Regional do Trabalho, na última terça-feira, que os trabalhadores se reunirão em assembleia, na próxima segunda-feira, para formular uma proposta às empresas. A assembleia será na sede do Sindicato dos Rodoviários, no Centro do Rio.
Segundo Sebastião José, a categoria se posicionou contrária à aplicação do termo aditivo, em janeiro, após o fim do auxílio emergencial. O acordo havia sido firmado em março do ano passado entre os sindicatos das empresas e dos trabalhadores.
"As empresas têm o direito de usar o termo e nós de argumentarmos. O termo foi assinado, mas a sua aplicação depende da análise de cada caso em particular. Por exemplo, no caso da empresa Redentor, que já utilizou o mecanismo de demissão voluntária, não entendemos ser correta a aplicação do rodízio", diz Sebastião José.
Por outro lado, o Rio Ônibus diz que cerca de 10 empresas de um total de 31 que operam o sistema de ônibus no Rio planejam adotar o rodízio neste mês.