BRTLINHAS - ARTE O DIA
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Por Bernardo Costa
Rio - As empresas que operam os ônibus na cidade do Rio foram notificadas a apresentar um cronograma para a reativação de 40 linhas identificadas como inoperantes pela Secretaria municipal de Transportes (SMTR). O levantamento, feito com base na análise de dados de GPS dos veículos, constatou a desativação de trajetos ou serviços operando com número insuficiente de ônibus. Segundo a SMTR, as linhas são consideradas de alta e média prioridade para a população, e devem retornar até os dias 30 de março (alta prioridade) e 30 de abril (média prioridade). Veja lista completa das linhas na galeria de fotos no fim da matéria.

De acordo com a prefeitura, as informações de monitoramento foram cruzadas com as reclamações de usuários de várias áreas da cidade e servirão de base para a montagem de um plano de recuperação dessas linhas.

O Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas, informou que os consórcios já receberam os ofícios com as notificações enviadas pela SMTR e que vão analisar o seu conteúdo junto com o corpo técnico, além de avaliar com o município as condições de atendimento às solicitações para, segundo o Rio Ônibus, fazer frente aos prejuízos enfrentados pelas empresas.

Porta-voz do Rio Ônibus, Paulo Valente admite que há menos ônibus nas ruas, e atribui a redução da frota à queda de 45% do número total de passageiros, o que, segundo afirma, representa uma queda de R$ 1 bilhão na receita das empresas no acumulado de março de 2020 a janeiro deste ano.

"Diante desse quadro, as empresas tiveram que reduzir despesas e racionalizar a frota, pois cerca da metade dos passageiros, que correspondem à única receita das empresas, deixou de usar o sistema de ônibus. Além da pandemia, as vans clandestinas cresceram sem fiscalização e não houve nenhuma regulação dos transportes por aplicativos. Se a prefeitura entende que devemos colocar todos os ônibus na rua, é preciso que ela contribua para o equilíbrio econômico-financeiro das empresas", defende Paulo Valente.

Além do reforço na fiscalização às vans clandestinas, o Rio Ônibus pede definições sobre a readequação da frota, revisão e otimização de trajetos de linhas e atualização da tarifa de ônibus.
Sobre o reforço de fiscalização sobre o transporte por vans clandestinas, a prefeitura disse que vai discutir ações com a Secretaria Municipal de Ordem Pública, responsável pela fiscalização de vans. Em relação às definições sobre a readequação da frota, revisão e otimização de trajetos de linhas, a SMTR recebeu a proposta e está analisando.

RODÍZIO DE PROFISSIONAIS

Enquanto passageiros enfrentam redução de ônibus, trabalhadores das empresas lutam para manter seus empregos. Na última segunda-feira, motoristas do BRT, nos corredores Transoeste, Transcarioca e Transolímpica, fizeram uma greve contra a aplicação do 5º Termo Aditivo à Convenção Coletiva do Trabalho, que prevê rodízio de profissionais e consequente redução salarial. A medida pode significar uma redução ainda maior de ônibus nas ruas.

"A categoria entende que essa medida não pode se enquadrar no BRT, pois os ônibus articulados do sistema vivem lotados. Como vão reduzir ainda mais os ônibus? Se as empresas ainda assim alegam prejuízos, isso foge à alçada dos trabalhadores e deve ser resolvido junto ao poder concedente", afirma Sebastião José, presidente do Sindicato dos Rodoviários.

O Consórcio BRT Rio suspendeu o rodízio e ficou decidido, em reunião no Tribunal Regional do Trabalho, na última terça-feira, que os trabalhadores se reunirão em assembleia, na próxima segunda-feira, para formular uma proposta às empresas. A assembleia será na sede do Sindicato dos Rodoviários, no Centro do Rio.

Segundo Sebastião José, a categoria se posicionou contrária à aplicação do termo aditivo, em janeiro, após o fim do auxílio emergencial. O acordo havia sido firmado em março do ano passado entre os sindicatos das empresas e dos trabalhadores.

"As empresas têm o direito de usar o termo e nós de argumentarmos. O termo foi assinado, mas a sua aplicação depende da análise de cada caso em particular. Por exemplo, no caso da empresa Redentor, que já utilizou o mecanismo de demissão voluntária, não entendemos ser correta a aplicação do rodízio", diz Sebastião José.

Por outro lado, o Rio Ônibus diz que cerca de 10 empresas de um total de 31 que operam o sistema de ônibus no Rio planejam adotar o rodízio neste mês.
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FROTA DO BRT
Segundo a prefeitura, houve queda contínua no número de ônibus articulados nos dias úteis de janeiro e, hoje, a frota em operação no BRT corresponde à metade do determinado no contrato: 199 veículos em vez de 413. Já o Consórcio BRT Rio afirma que opera com frota completa de 200 ônibus articulados. Há outros 98 em manutenção. 
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Segundo a SMTR, o órgão iniciou discussões com o BRT Rio para reorganizar a distribuição das linhas e diminuir a concentração de usuários nas estações, principalmente em horários de pico da manhã e da tarde, com o objetivo de reduzir aglomerações e conferir maior regularidade ao sistema. 
Além disso, acrescenta a SMTR, será implantado na Prefeitura um Comitê Executivo de gestão integrada do BRT, com a participação de vários órgãos, para aumentar a capacidade de intervenção e priorizar ações conjuntas. O grupo fará reuniões mensais para monitorar a situação operacional do BRT.