Em um vídeo, é possível ver que o sargento está bem próximo da pista, em uma situação de extremo perigo. As imagens são fortes:
Imagens fortes: PM do BPVE é atropelado na Transolímpica e estado de saúde é gravíssimo.#ODia
— Jornal O Dia (@jornalodia) February 23, 2021
Crédito: Divulgação pic.twitter.com/sxybIbMJmr
Segundo um PM do batalhão, que não quis se identificar, a posição de risco é algo imposto pelo próprio BPVE. "A Linha Amarela e a Linha Vermelha são os piores locais pois são vias de velocidade alta e os baseamentos são todos em cima dos zebrados (listras paralelas sinalizadas no chão da pista) em um espaço que não cabe nenhuma viatura. Ou seja, um policial tem que ficar dentro da viatura e um do lado de fora, ficando exposto na via", contou o policial.
Um outro PM do BPVE, que também optou por não se identificar, revelou que o acidente do sargento Othon não foi um caso isolado. "Isso é rotineiro, tem até policial trabalhando interno pois não pode mais ficar em pé por muito tempo depois de ter sido vítima de colisão que acontece em todas as vias. Na Linha Vermelha, no ano passado, foram três viaturas destruídas. Na Linha Amarela um caminhão de lixo atropelou a viatura com os policiais dentro. Na Avenida Brasil também já houve caso e agora esse da Transolímpica, que pela filmagem dá para ver onde o comando do batalhão manda basear a viatura sem nenhuma segurança para os policiais”, denunciou o PM.
Há ainda outras irregularidades que tornam o trabalho dos PMs do BPVE ainda mais complicado. Os pontos de base não são preparados para proteger os policiais dos gases tóxicos dos veículos. Em alguns casos, o policial fica 12 horas sem poder se movimentar em um espaço de um metro, pois o risco de atropelamento é grande.
"Muitos desses pontos ficam embaixo do sol, não temos nem ao menos uma tenda para amenizar e a cobrança é enorme para que um policial fique desembarcado da viatura em pé. A ordem é só uma: a viatura tem que estar posicionada no local determinado nem um centímetro para um lado ou para o outro", detalha o agente do BPVE.
O tratamento abusivo por parte dos comandantes também revela uma situação de desamparo. Segundo os policiais que denunciaram as irregularidades, não tem banheiro e água potável disponível. A manutenção das viaturas também sai do bolso do policial.
"O policial chega em casa e, ao tomar banho, a água desce preta de tanto que ficamos expostos aos gases tóxicos dos veículos. Se não fosse a nossa contribuição de fazer a manutenção da viatura nós não teríamos nem ar condicionado, estamos largados nesse batalhão com escalas de serviços que até a OAB já diz que é desumana", denunciou o PM.
Aumento das doenças psicológicas em PMs do BPVE
Segundo integrantes do batalhão, já se tornou comum ver colegas de profissão se afastando do serviço por causa de doenças psicológicas e comorbidades devido ao forte estresse. "Infelizmente o regulamento disciplinar faz com que muitos colegas tenham medo de denunciar por causa das represálias, vindo a contrair doenças. Tiveram muitas denúncias na corregedoria, mas qual coronel investigaria outro coronel?", questionou um outro policial que faz parte do BPVE.
Advogado levará denúncias ao Ministério Público
O advogado especialista em Direito Militar, Fabio Tobias, informou que está formalizando uma denúncia para levar ao Ministério Público no próximo mês. Segundo ele, há descumprimentos no código de trânsito brasileiro e também no código de conduta formalizado em 2015. "Irei formalizar representação junto ao MPRJ, para apurar e responsabilizar os responsáveis pelos baseamentos arbitrários, bem como levarei a representação na próxima reunião que irei participar junto com alguns Promotores de Justiça do MPRJ", afirmou o advogado.