Família de Ray Faria acionará Defensoria Pública para processar estado
Ray Pinto Faria morreu na última segunda-feira (22) e familiares acusam PMs pela morte
Rio - Familiares de Ray Pinto Faria acionarão a Defensoria Pública para entrar com ação contra o estado pela morte do adolescente de 14 anos, ocorrida na última segunda-feira (22), no Morro do Fubá, em Campinho, Zona Norte do Rio. O tio de Ray disse que João Luis Silva, membro da ONG Rio de Paz, fará a intermediação entre a família e a Defensoria Pública neste sábado.
"Faço a ponte entre essas famílias e a Defensoria Pública. Infelizmente, temos muitos casos como esse do Ray e não temos como atuar em todos até que eles sejam resolvidos, então essa foi a maneira que encontrei de acolher essas famílias e também de fazer com que o poder público se responsabilize por elas", disse João Luis Silva, articulador social e mobilizador politico da ONG Rio de Paz.
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O tio de Ray revelou que a família não tem recebido nenhum tipo de suporte do governo estadual. Segundo os familiares, o rapaz estava na porta de casa brincando em seu celular quando foi abordado e levado por PMs em operação na área. Horas depois, o menino foi encontrado, já morto, por sua mãe no Hospital Municipal Salgado Filho. Os parentes acusam a Polícia Militar pela morte de Ray.
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A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) diz que segue com as investigações para identificar a autoria do crime. Os familiares de Ray e os policiais envolvidos na operação já foram ouvidos e, agora, a Polícia Civil aguarda o resultado do laudo realizado nas armas apreendidas durante a ação.
Família conta detalhes e cobra 'Justiça para Ray'
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O primo de Ray Pinto Faria acusou policiais militares de terem abordado e matado o adolescente de 14 anos. A família esteve, na última terça-feira (23) no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo. Lucas Isaías da Silva negou a versão de que o primo seria 'cobrador de impostos' da milícia, disse que o adolescente havia cursado o 4º ano do Ensino Fundamental na Rede Municipal do Rio e acusou policiais de ter abordado e levado a vítima pela comunidade.
"Às 6h da manhã (de segunda-feira), me disseram que teriam abordado o Ray na porta de casa e saído à pé com ele na comunidade. Saí de casa, falei com a minha prima e ela já estava à procura do Ray. Os policiais disseram que não tinham pego nenhuma criança. Andamos de ponta a ponta da comunidade e não conseguimos achá-lo. Nós encontramos o Ray com dois tiros, no Salgado Filho, com outros dois mortos. Ele chegou no hospital como bandido. Foi pego por policiais na porta de casa", afirmou Lucas.
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Agora, a família cobra Justiça. "Ray não era cobrador de imposto. Não era miliciano. Era mais um morador que a Polícia Militar matou", disse o primo. Queremos Justiça porque Ray era uma criança com uma vida toda pela frente. Hoje foi com a minha família, amanhã pode ser com outras", declarou. O adolescente estudava em Madureira e sua mãe havia acabado de buscar o kit escolar, segundo o parente.
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Segundo o primo, os policiais levaram o equipamento de câmera de segurança de uma padaria da comunidade que poderia ajudar a esclarecer o caso. A família diz que Ray Pinto Faria não recebeu assistência adequada após ser baleado. Os familiares também negam que a morte tenha sido provocada por troca de tiros com bandidos.
Na noite de segunda-feira, dezenas de pessoas fizeram uma manifestação na comunidade pedindo "Justiça para o Ray". Durante a segunda-feira, um ônibus foi vandalizado e outro, incendiado durante protesto.