Por Lucas Cardoso
Rio - Empresa investigada em operação do Ministério Público (MPRJ) que levou à prisão do ex-prefeito Marcelo Crivella, no fim do ano passado, segue contratada pela atual gestão de Eduardo Paes. Mencionadas nas edições de terça (9) e quarta-feira (10) do Diário Oficial do Município, a Ziuleo Copy ligada ao suposto "QG da Propina", recebeu somente neste ano mais de R$ 1.7 milhão pelos serviços prestados ao município.

Dirigida pelo empresário Leonardo Conrado Nobre Fernandes, a Ziuleo foi mencionada em sete despachos publicados no documento oficial. Os valores variam de R$ 1.4 milhão a quantias menores, como R$ 18 mil, pago por serviço prestado à Secretaria de Ordem Pública (SEOP).

Entre os serviços atribuídos à empresa no contrato estão o fornecimento de material de escritório, aluguel de impressoras e a emissão de certificados. As atividades são exatamente as mesmas exercidas durante o período investigado pelo MPRJ que resultou na prisão de Crivella.

Segundo a denúncia, mesmo em uma declarada crise financeira, o município do Rio, chefiado à época por Crivella, honrou compromissos milionários com a empresa a troco de vantagens ilícitas, como o pagamento de propina. O esquema envolvia o operador financeiro, Rafael Alves, que embora não tivesse cargo oficialmente na prefeitura, exerceria a função de intermediar as negociatas.

Crivella foi preso 10 dias antes do fim do seu mandato e ficou em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica, até o dia 12 de fevereiro. Além do ex-prefeito, foram presos também o empresário Rafael Alves, apontado como operador do esquema; Fernando Moraes, delegado aposentado; Mauro Macedo, ex-tesoureiro da campanha de Crivella; Adenor Gonçalves dos Santos, empresário; e o empresário Cristiano Stockler Campos.
Ao todo, de 2015, ainda no antigo mandato de Paes, a 2019, a empresa recebeu o montante de R$ 130.444 milhões em contratos de prestação de serviço de locação de impressoras, venda de material de escritório e emissão de documentos. Sendo R$ 56.561 milhões de 2015 a 2016 e R$ 73.888 milhões 2017 a 2019, já sob a gestão de Crivella. 
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Procurada, a Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento disse que mantém a prestadora por considerar o serviço "essencial às suas atividades". Disse ainda que aguarda a conclusão de um processo licitatório para o dia 17 de março e que nessa nova concorrência, a Ziuleo não estará entre as candidatas do pregão. Segundo o órgão, o processo aguardava análise do Tribunal de Contas do Município (TCM), que deve ser concluída daqui a seis dias, no dia 17, quando será divulgado o novo fornecedor.
Para justificar a manutenção da empresa citada nas investigações, a prefeitura disse que "o contrato atual é por meio de uma ata de registro de preços e se iniciou em 2016".