Uma coletiva de imprensa foi concedida para anunciar a chegada dos bancos de células e vírus, o principal insumo para a fabricação do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) no Brasil. Na foto, à direita, o vice-presidente da Fiocruz, Marco Krieger, ao meio a presidente da fundação, Nísia Trindade e à esquerda o diretor de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Maurício ZumaReprodução / Fiocruz
A presidente da Fundação, Nísia Trindade, classificou o momento como um marco na luta contra a covid-19. "É um marco de um trabalho incessante que a Fiocruz dedicou no último ano desde o início da pandemia o esforço para trazer uma tecnologia de ponta, de uma vacina que vem salvando vidas em vários países, e que possa ser aplicada em grande escala no país”, afirmou.
O vice-presidente da Fiocruz, Marco Krieger, ressaltou que a ciência vive um momento único na história e que o Brasil agora tem a possibilidade de fazer uma produção integralmente nacional da vacina contra a covid-19.
“Temos a possibilidade de fazer uma produção 100% nacional, que se inicia a partir da chegada dos bancos de células e da semente do adenovírus para que possamos produzir o imunizante a partir do mês de junho. Assim, durante o segundo semestre, poderemos substituir a produção que já estamos entregando [com o material importado] para uma vacina totalmente nacional. É um dia muito importante pelo caráter tecnológico, pelo que traz não só o enfrentamento dessa emergência sanitária, mas de outras”, disse.
Na terça-feira (1) a Fiocruz assinou um contrato com a farmacêutica AstraZeneca que formalizou a transferência do conhecimento necessário para a produção do IFA nas instalações de Bio-Manguinhos/Fiocruz.
Durante a coletiva, foi anunciado que a Fiocruz tem como meta atingir a estimativa de até 110 milhões de vacinas até o segundo semestre do ano. Desta quantidade, 50 milhões já seriam de produção nacional através da nova tecnologia que chegou nesta quarta-feira (2) e outras 50 através da matéria-prima importada. Pode haver uma lacuna de 10 milhões de doses que dependerá da chegada de um novo lote de matéria-prima internacional, mas a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, reforçou que a fundação vem trabalhando para garantir que a promessa inicial seja atingida.
“Em relação à questão do IFA nacional e importado para o ano de 2021, todo esforço foi feito no sentido de acelerar ao máximo essa produção, discutindo todas as etapas regulatórias com a Anvisa. A produção com o IFA nacional começa agora, mas a entrega precisa passar por vários testes. Serão 110 ou 100 milhões? A nossa meta é ir ao máximo, os 110 milhões foi uma estimativa com os dados que tínhamos antes mesmo da vacina ter sido aprovada, de várias etapas terem acontecido, dos problemas iniciais e todo o quadro que acompanhamos. Então o nosso esforço é por um IFA adicional, isso já está contratualizado, é também um esforço para mais matéria-prima se for possível, mas há uma carência no mundo deste produto pelo fato da vacina estar sendo utilizada em 170 países”, ponderou.
Segundo Nísia, a capacidade de produção da Bio-Manguinhos é maior do que a quantidade de insumos farmacêuticos que a Fiocruz tem recebido. No mês de setembro poderá haver um período de transição entre o fim do estoque da matéria-prima importada e o uso da vacina produzida integralmente no Brasil, mas ela ressaltou que a Fundação vem trabalhando para que a mudança no processo possa acontecer de maneira que não prejudique a vacinação no país.
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