'O colapso já está acontecendo', diz especialista sobre a pandemia no Rio de Janeiro
A médica geriatra discorda da Secretaria Estadual de Saúde que afirma não haver colapso na rede SUS
Rio - No fim de semana, o estado do Rio de Janeiro bateu recorde de pedidos de internação por covid-19 em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), com 344 solicitações e 232 pacientes ficando na fila de espera. Apesar destes dados, a Secretária Estadual de Saúde (SES) afirma que a rede do Sistema Único de Saúde não está em colapso. Por outro lado, a médica geriatra Roberta França vê a situação do estado como "muito grave".
"No fim de semana, nós tínhamos uma fila de 232 pacientes aguardando a internação. Colapso é o que nós já estamos vivendo nesse momento, onde nós temos falta de leitos e paciente em fila de espera", diz a doutora. Ela ainda lembra que a covid-19 é uma doença que se agrava em poucas horas, portanto é necessária uma boa estrutura: "Se a gente não tiver uma estrutura organizada, se nós não tiermos um CTI (Centro de Terapia Intensiva) imediato pra atender aquele paciente, muitas vezes é a diferença entre a vida e a morte de cada paciente".
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França ainda explicou que o colapso do sistema de saúde se deve à exaustão das equipes médicas, além das dificuldades estruturais das unidades de saúde. "Nós temos uma gama de profissionais completamente exauridos. Profissionais que já estão há mais de um ano trabalhando sem férias, sem descanso, sem possibilidade de parar", ressalta.
A médica destacou que é importante entender o cenário crítico no estado fluminense para evitar tragédias maiores. França explica que a falta de respeito da população às medidas adotadas pelos governos municipais é um dos motivos para o agravamento da pandemia no estado do Rio de Janeiro. "Se não começarmos a olhar pra isso de uma forma muito séria, nós vamos ver novamente aquelas cenas, como tinhamos no inicio da pandemia, estarrecedoras de lugares do IML lotado de corpos", a doutora alerta.
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"Hoje, nós estamos pagando o preço por essa falta de respeito, de responsabilidade social, de educação, que nós não promovemos ao longo de um ano de pandemia", enfatiza a geriatra. A doutora responsabilizou os governos federal, estaduais e municipais pela falta de coesão em criar uma mensagem de educação social para a população brasileira.
Taxa de ocupação na capital passa de 80%
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Na capital fluminense, a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 87% e os de enfermeira em 66%. Atualmente, são 1.073 pessoas internadas e 73 pessoas aguardam, há mais de 24h, uma vaga em leitos de hospitais públicos. atendimento.
O município chegou a registrar o maior número de internados por covid-19 desde dezembro.
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