Moradores de diversos pontos do Rio relataram mau cheiro e gosto de terra na água
Moradores de diversos pontos do Rio relataram mau cheiro e gosto de terra na águaArquivo pessoal
Por Karen Rodrigues*
Rio - Moradores do Rio voltaram a reclamar do mau cheiro, gosto de terra na água e até falta de abastecimento em alguns pontos do estado. Já é a segunda vez este ano que os cariocas sofrem com problemas na água fornecida pela Cedae. Nas redes sociais, residentes da Região Metropolitana e da Baixada Fluminense demonstraram insatisfação em relação ao serviço da concessionária.
A moradora há 7 anos da Travessa São Carlos, no bairro da Estácio, na Zona Norte, Rosimere Santos de Souza, de 51 anos, contou ao DIA que a água voltou a apresentar cheiro e gosto de barro há uma semana. Apesar disso, a coloração está normal. "Tinha parado, mas voltou a ficar assim. Até a louça e as roupas ficam com mau cheiro. Só não dá para beber e cozinhar", disse.
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Rosimere ainda relatou que está tendo que comprar galão de água para poder beber e fazer comida, mas não tem condições de lavar a roupa, a louça e tomar banho com a água comprada. 
Já a técnica de enfermagem, Jeniffer Chaves, de 18 anos, relatou inclusive que começou a passar mal na última quarta-feira (17) devido à água. A moradora de Jardim Lorena, no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste, disse ao DIA que está há dois dias sentindo cheiro e gosto alterado na água. 
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"Há dois dias que estou sentindo um cheiro e um gosto estranho na água. Ontem comecei a sentir dor de barriga e acredito que tenha sido por esse motivo. O gosto ainda não está muito forte, usamos filtro em casa, porém quando tomamos banho ou escovamos o dente o gosto e o cheiro estão bem forte", contou.
Jeniffer disse que também não é a primeira vez que esta situação acontece. Segundo a jovem, a água ficou cerca de duas semanas com gosto e cheiro de terra entre o final de janeiro e início de fevereiro. Na época, ela e a família precisaram comprar galões de água para beber, pois a fornecida pela Cedae estava fazendo mal a eles.
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"Por enquanto ainda não estamos comprando galão, pois o filtro está resolvendo em relação ao gosto. Porém, vamos comprar, pois mesmo sem gosto a água me fez passar mal. E não estamos podendo gastar todo esse dinheiro já que não estamos trabalhando devido à pandemia".
Ela disse que pretende solicitar ressarcimento ou desconto na conta de água da Cedae devido aos gastos extras com galões de água mineral. "Gastamos muito dinheiro comprando água, já que aqui em casa moramos quatro pessoas e usamos, bebemos muita água".
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Moradores de outros pontos do Rio relataram, nas redes sociais, os mesmos problemas com a água e até falta de abastecimento. Os cariocas ainda demonstraram descontentamento com a Cedae.
Em nota, a Cedae informou que fará, na noite desta quinta-feira, uma manobra preventiva no Rio Guandu para a renovação da água da lagoa próxima à captação da estação de tratamento. "O objetivo é evitar a proliferação de algas responsáveis pela concentração de geosmina/MIB, que vem crescendo nos últimos dias. A operação consiste na abertura das comportas para o escoamento com maior volume e velocidade da água da lagoa. Para a medida, será necessário a interrupção das atividades da ETA Guandu até 5h de amanhã (19). Após a ação, o abastecimento pode levar até 48 horas para ser normalizado".
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Além de manter todas as medidas para reduzir a concentração de geosmina/MIB, como a aplicação de carvão ativado, a companhia afirmou que iniciará o bombeamento de água do Rio Guandu diretamente para a lagoa, aumentando a entrada de água e, consequentemente, sua renovação. A instalação da bomba está prevista para ser feita dentro de 10 dias.
A Cedae também solicitou aos laboratórios contratados a redução do prazo no envio dos resultados dos testes de controle de qualidade que são divulgados no site da companhia.
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De acordo com a concessionária, o edital da obra de proteção da tomada d'água, solução definitiva para o problema, será publicado em até 30 dias.
"Mesmo em quantidades muito baixas de concentração de geosmina, a partir de 0,004 microgramas/litro já é possível sentir alteração de gosto e cheiro, apesar de não representar risco à saúde dos consumidores. Três fatores levam à proliferação de algas nos mananciais: água parada, presença de nutrientes e luz solar. O fenômeno ocorre com maior frequência no verão, exigindo medidas preventivas para manutenção da qualidade da água que sai das estações de tratamento".
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A concessionária ainda ressaltou que imóveis com sistema interno de reserva, cisterna e/ou caixa d’água, não devem sofrer desabastecimento e informou que montou esquema especial para atender hospitais e outros serviços essenciais com carros-pipa, caso haja necessidade.
"Em áreas de ponta do sistema (extremidade das redes) e em regiões elevadas o abastecimento pode levar até 48h para ser normalizado. A Cedae pede que clientes que possuam sistemas de reserva internos usem água de forma equilibrada e adiem tarefas não essenciais que demandem grande consumo de água".
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes