Cedae
CedaeTomaz Silva/Agência Brasil
Por O Dia
Rio - A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) disse à Justiça que a água turva que sai da torneira em diversos bairros da cidade pode ser culpa dos consumidores. Em documento, a empresa alega que turbidez pode vir de canos enferrujados e caixas d'água sujas.

As ações na Justiça com pedidos para que a Cedae garantisse água de qualidade para toda a população se arrastam desde 2015. Em fevereiro deste ano, o Ministério Público e a Defensoria pediram para a Cedae apresentar a relação das ouvidorias relatando falta de água e desconformidade dos padrões de potabilidade, bem como relatório de atendimento destas mesmas ouvidorias, incluindo as informações relacionadas ao tempo de resolução e providências adotadas, no prazo de 48 horas.
Há duas semanas, foi incluído em um dos processos a defesa da companhia. A Cedae reconhece que a água tratada estava com gosto alterado apenas nos dias 27, 28 e 29 de janeiro e disse que não detectou nenhuma anomalia de cheiro nesse período.
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Sobre os consumidores que receberam essa água, a empresa diz que "principalmente, após a divulgação de um provável desconto na conta dos usuários que requisitassem ressarcimento, o número de solicitações de atendimento disparou". 
Ela também alegou que nesse período recebeu muitas reclamações sobre turbidez. Nesse caso, a Cedae afirma que a responsabilidade pode ser dos consumidores. Segundo a defesa, "inúmeros problemas no interior das instalações dos usuários podem causar turbidez da água, como por exemplo, encanamentos enferrujados e falta de limpeza da caixa d'água, o que é de responsabilidade dos usuários, e não da Cedae".

Por fim, a Cedae diz em sua defesa que "muitos enxergaram a possibilidade de reclamar de problemas crônicos não sendo possível uma solução de curto prazo".
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Ressarcimento
Em fevereiro de 2020, a Defensoria Pública do Rio entrou na Justiça com ação civil pública para bloquear R$ 560 milhões da Cedae. O objetivo era garantir o pagamento de indenizações para os nove milhões de consumidores que foram afetados por problemas na qualidade da água fornecida pela companhia desde janeiro. A decisão foi tomada depois que a empresa apresentou uma contraproposta avaliada como insuficiente pela órgão.

Na ação, a Defensoria estima em R$ 50 o ressarcimento para cada morador afetado pela má qualidade da água, que será feito por meio de descontos de, no mínimo, 70% do valor da conta até atingir o total da indenização. O órgão pede ainda R$ 54 milhões por dano material individual e R$ 56 milhões por dano moral coletivo, que também poderão ser revertidos em abatimento nas contas.
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Geosmina parte III
Moradores do Rio relataram, na manhã desta sexta-feira, a falta d'água em diversos bairros devido à manobra feita no Rio Guandu para renovação de água da Lagoa próxima a área de captação. O objetivo da Cedae é evitar a proliferação de algas responsáveis pela concentração de geosmina, que vem crescendo nos últimos dias.
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A interrupção das atividades foi feita na noite de quinta-feira e foi religado por volta das 7h45 desta sexta. Com a paralisação, o abastecimento pode levar até 48 horas para ser normalizado. O fornecimento de água deve ser normalizado em até 72 horas.
"Ninguém merece, há dois dias a água estava com gosto ruim e ontem do nada acaba, sem nenhuma explicação. E vamos ficar sem água no fim de semana", disse uma moradora de Belford Roxo no Twitter. "Cedar, vamos colocar essa equipe do marketing pra trabalhar direito né!? Avisar aos consumidores as 18:00 da noite que vai cortar a água para manutenção no dia seguinte! Pelo amor de Deus. Mais respeito", reclamou outra moradora da Baixada Fluminense.
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Em nota, a Cedae informou que, além de manter todas as medidas para reduzir a concentração de geosmina, como a aplicação de carvão ativado, a companhia iniciará o bombeamento de água do Rio Guandu diretamente para a lagoa, aumentando a entrada de água e, consequentemente, sua renovação. A instalação da bomba está prevista para ser feita dentro de 10 dias.
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A Cedae também solicitou aos laboratórios contratados a redução do prazo no envio dos resultados dos testes de controle de qualidade que são divulgados no site da companhia. O edital da obra de proteção da tomada d'água, solução definitiva para o problema, será publicado em até 30 dias.
A companhia afirma que montou esquema especial para atender hospitais e outros serviços essenciais com carros-pipa, caso haja necessidade neste período. A companhia pede também que clientes que possuam sistemas de reserva usem água de forma equilibrada e adiem tarefas não essenciais, que exijam grande consumo de água.