Moradora da Lapa, na região central do Rio, Julia Vieira mostra como a água tem saído da torneira - Arquivo pessoal
Moradora da Lapa, na região central do Rio, Julia Vieira mostra como a água tem saído da torneiraArquivo pessoal
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Rio - O Ministério Público e a Defensoria querem que a Justiça determine à Cedae que ofereça um desconto de 25% na conta de água das pessoas abastecidas pelo Guandu pelo período em que permanecem os problemas, tanto de desabastecimento, como os de áreas abastecidas com água com padrões de gosto e cheiro alterados. 
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Os órgãos pedem que a companhia seja compelida a apresentar, em até três dias corridos, plano para a regularização da prestação do abastecimento de água proveniente do Guandu, incluindo cronograma para normalizar o abastecimento (qualitativo e quantitativo) da água tratada. A normalização não poderá exceder o prazo de três dias, contados da apresentação formal do aludido plano.
Defensoria e MP também querem que a Cedae apresente a relação das ouvidorias relatando falta de água e desconformidade dos padrões de potabilidade, bem como relatório de atendimento destas mesmas ouvidorias, incluindo as informações relacionadas ao tempo de resolução e providências adotadas, no prazo de 48 horas. A intenção é que a partir destas informações seja possível, dentre outras medidas, estabelecer a exata extensão da multa a ser posteriormente executada.

Os pedidos foram realizados nesta quinta-feira, como cumprimento provisório de tutela de urgência contra a Cedae no âmbito da ação civil pública que, tendo em vista o estado de calamidade pública em razão da covid-19, requer a regularização do fornecimento de água em todas áreas da capital fluminense.
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Afirmam MPRJ e DPERJ que a 'banalização' pela Companhia da entrega de uma água com forte gosto, cheiro e cor (ocorrida no ano passado e retornando neste verão), como se não houvesse qualquer irregularidade no seu fornecimento, coloca em xeque padrões básicos de expectativa de fornecimento deste insumo reconhecido universalmente como devendo ser inodoro, incolor e insípida. "E, como se não bastasse a água com alterações de sabor, odor e turbidez em mais de 50 bairros da cidade, em algumas outras localidades a questão é ainda mais grave, uma vez que permanecem sem qualquer abastecimento regular por tempo superior ao razoável", ressalta o Ministério Público em nota.
O que diz a Cedae
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A Cedae informa em nota que as ações adotadas conseguiram diminuir sensivelmente a concentração de geosmina. 'Parâmetros de gosto e odor estiveram dentro dos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde durante quase todo o tempo", defende.
A companhia diz que a geosmina pode ser percebida pelo olfato humano mesmo em concentrações baixíssimas e não tem valor de referência na portaria de potabilidade de água por não causar danos à saúde e pode ser consumida sem riscos.
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Para reduzir o volume de algas que produzem geosmina/Mib na lagoa próxima à estação, a Companhia estuda alternativas que melhorem os resultados alcançados com as medidas já adotadas (aplicação de argila ionicamente modificada na lagoa próxima à captação e carvão ativado na estação).
A Cedae acrescenta que assumiu a execução das obras de Proteção da Tomada d'Água da ETA Guandu, com o objetivo de evitar que os rios Ipiranga e Queimados misturem-se ao Rio Guandu antes da captação de água da estação. O projeto está passando por revisão e o edital de licitação deve ser publicado em até seis meses.