Adriano da Nóbrega
Adriano da NóbregaReprodução
Por O Dia
Rio - A necropsia da morte do miliciano Adriano da Nóbrega, feita no Rio de Janeiro, trouxe detalhes dos tiros que o mataram, mas o laudo contradiz o depoimento dos três policiais militares que fizeram o cerco e dispararam contra o ex-capitão do Bope. O programa Fantástico, da Rede Globo, teve acesso ao laudo de necropsia e aos depoimentos dos PMs. 
Segundo os PMs, eles deram voz de prisão contra Adriano da varanda, mas como ele não respondeu, os militares forçaram a porta. Assim que a derrubaram, Adriano teria disparado sete vezes, mas não conseguiu acertar nenhum dos três. No mesmo momento, dois dos três PMs revidaram, com um tiro cada um, e os dois disparos atingiram o miliciano.

De acordo com a necropsia, um projétil parece ter vindo rente ao chão. Uma das balas entrou pela cintura, do lado esquerdo, saiu pela clavícula e entrou novamente no corpo de Adriano, alojando-se no pescoço. Outro dado do laudo é a falta de vestígios de pólvora nas mãos do miliciano, sendo que, segundo os PMs, Adriano teria atirado sete vezes contra eles.

A perícia também registrou lesões na região da cabeça de Adriano, que teriam sido feitos enquanto o miliciano ainda estava vivo, no entanto, não foram explicados pelos policiais.
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Adriano da Nóbrega era chefe do grupo de matadores chamado Escritório do Crime e morreu no dia 9 de fevereiro de 2020, após ser localizado pelos três PMs. Uma força-tarefa com 70 homens tinha siso mobilizada no cerco ao capitão, mas não teve sucesso.
O laudo da necropsia gerou um pedido do Ministério Público da Bahia sobre mais informações do caso. A Secretaria de Segurança da Bahia disse, em nota para o Fantástico, que não recebeu os novos questionamentos feitos pelo Ministério Público do estado. O MP da Bahia, também em nota, reiterou que já enviou as perguntas sobre o laudo de necropsia. A Secretaria de Segurança da Bahia não comentou a ação dos policiais militares que resultou na morte de Adriano da Nóbrega.
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Primeira-dama do crime é procurada pela polícia
A parceira de Adriano, Julia Lotufo, está sendo procurada pela polícia há mais de uma semana. Para além de cumprir um mandado de prisão por lavagem de dinheiro dos bens do miliciano, o seu depoimento pode revelar as ligações de Nóbrega com políticos. Julia trabalhou na Alerj, em 2016, quando ela estreitou os laços com o miliciano. Na época com 26 anos de idade e mãe de uma menina de 4, Julia pediu exoneração e passou a gerenciar o esquema de agiotagem e lavagem de dinheiro da fortuna de Adriano.
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De acordo com a denúncia do Ministério Público, a viúva de Adriano sempre soube dos negócios do companheiro no crime e, além de exercer a função de tesoureira da quadrilha, ostentava o dinheiro sujo do miliciano. A gerência dos negócios da quadrilha não a afastava da praia do Recreio dos Bandeirantes e da academia de musculação, onde se deslocava em uma picape Hilux, com motorista e segurança. Nesta segunda-feira, a defesa de Julia entrou na justiça pedindo que o seu mandado de prisão seja revogado