Cabines da PM ficam desativas em vias expressas do Rio. Na foto acima, a Base da PM na Linha Amarela na altura de Pilares
Cabines da PM ficam desativas em vias expressas do Rio. Na foto acima, a Base da PM na Linha Amarela na altura de PilaresLuciano Belford/ Agência O Dia
Por Beatriz Perez
Rio - Policiais militares ressaltaram em reservado ao DIA o fato de o cabo Haron Coelho Ferreira, de 29 anos, estar ao lado de uma caibe blindada desativada no momento em que sofreu um ataque a tiros quando estava a serviço do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE) na Linha Vermelha na madrugada desta quinta-feira. A equipe do DIA registrou cabines desativadas no local em que Haron foi morto, na Linha Vermelha, em Pilares e Bonsucesso, na Linha Amarela. Adquiridas em 2007, as unidades custaram em média R$ 96 mil cada. No mesmo cenário do crime da madrugada, as cabines abandonadas estavam com militares em viaturas próximas.
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Ao advogado Fabio Tobias, especialista em Direito Militar, o cabo já havia pedido auxílio jurídico para melhorar as condições de trabalho. Para Tobias, o BPVE deveria oferecer mais  segurança aos militares. Em julho de 2020, os PMs lotados no batalhão se queixavam, por exemplo, que só dispunham de coletes à prova de bala nos tamanhos G e GG, o que impossibilitava o uso de profissionais que não vestiam essas medidas.
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Procurada, a PM informou em nota que os dois policiais militares do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) que estavam na ocorrência retiraram coletes na reserva de material bélico da unidade, de acordo com a padronização na corporação.

"As aquisições e recomposição de estoques de equipamentos de proteção individual (colete balístico) para a corporação vem ocorrendo desde o ano de 2018. Os coletes balísticos, além do uso em serviço, também podem ser acautelados para utilização pelo policial na folga", finaliza o documento.
Outro risco enfrentado pelos policiais deste batalhão é o de atropelamento. Em fevereiro deste ano o sargento Othon Wagner Solomon Silva Belarmino, de 43 anos, foi atropelado enquanto trabalhava no acesso à Avenida Brasil da via expressa Transolímpica, em Magalhães Bastos, na Zona Oeste do Rio. O motorista fugiu sem prestar socorro.
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Para Tobias, os superiores hierárquicos dos policiais não atentam para determinações previstas no artigo 3.° do Regulamento Disciplinar da Pmerj. "Primeiro é preciso dar mais condições e segurança para que os policiais possam trabalhar com mais dignidade nos Pontos Bases (onde os militares realizam patrulhamento nas vias). Segundo, é necessário que o respeitável comandante do BPVE, bem como os demais oficiais atentem para os problemas dos policiais militares que trabalham nas vias expressas e que aumentem o poderio de fogo e o número de componentes nas guarnições baseadas nas vias expressas", apontou.
A família de Haron esteve no Instituto Médico Legal (IML) no fim da manhã, mas não quis falar com a imprensa. Segundo o laudo preliminar, Haron foi atingido por mais de dez tiros. Os disparos atingiram o abdômen, uma das pernas e o braço direito do cabo. Ainda segundo o instituto, a morte do PM foi em decorrência de uma hemorragia. Um soldado que estava com ele também foi baleado, mas sobreviveu ao ataque.
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Os dois policiais foram socorridos para o Hospital Central da Polícia Militar, no Rio Comprido, mas o cabo da PM não resistiu. PM realizou buscas pela região, mas não encontrou os responsáveis pelos disparos. Uma pistola e carregadores de fuzil foram encontrados a poucos metros do local do tiroteio. O armamento apreendido foi levado para ser periciado.
A Delegacia de Homicídios da Capital vai investigar o caso. A Polícia Civil vai analisar as imagens da CET-Rio para identificar o carro usado pelos bandidos.
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Em nota, a PM lamentou a morte do policial e disse que o Cabo Haron tinha 29 anos e estava na corporação desde 2011. Ele deixa esposa e uma filha.
O Portal dos Procurados divulgou, nesta quinta-feira (15), um cartaz com recompensa de R$ 5 mil para ajudar a Delegacia de Homicídios da Capital com informações que possam identificar e levar às prisões dos envolvidos na morte do cabo da Polícia Militar Haron Coelho Ferreira, de 29 anos.
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POSSÍVEL MOTIVAÇÃO
A Polícia Civil vai apurar a informação, divulgada nas redes sociais, de que o ataque contra a viatura do BPVE ocorreu em retaliação a morte de um traficante Moises Pereira Marreiro de Araújo, conhecido como Moises da Rajada, apontado como uma das lideranças do tráfico de drogas no Morro da Providência.
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O criminoso foi baleado na quarta-feira (14) durante um confronto com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Providência. Segundo testemunhas, o tiroteio ocorreu na localidade conhecida como Portuários. Ele estava armado com uma pistola.