Latino disse que a morte de seu macaco aconteceu por conta de um trabalho espiritual feito contra ele
Latino disse que a morte de seu macaco aconteceu por conta de um trabalho espiritual feito contra eleDaniel Pinheiro
Por Rachel Siston
Rio - A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) deve denunciar, na próxima semana, o cantor Latino por uma fala considerada pejorativa sobre o culto de religião de matriz africana, durante o Flow Podcast, no YouTube. O caso aconteceu nesta quinta-feira (15) em entrevista aos apresentadores Monark e Igor Coelho.
A CCIR é uma comissão independente, constituída por representantes de todos os segmentos religiosos, além de ateus e maçons. Na entrevista, Latino disse que a morte de seu macaco Twelves, após ser atropelado, aconteceu por conta de um trabalho espiritual feito contra ele.
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"Dizem que foi macumba, né. Os caras falaram que foi macumba. Fizeram um trabalho pra mim que o macaco foi no meu lugar. Quem conhece o mundo espiritual pode dizer melhor", declarou o cantor, que disse ainda que a informação veio de uma médium e de um profeta.
"Nessa parada de centro espírita, nesse bagulho de macumba, os caras fazem trabalhos pesados para infernizar a vida do outro. E aí, fizeram um trabalho, sei lá, de ebó… Sei lá que p... que chama essa m... de ‘macumbaria’. Eu não acredito nessa p... Ficar falando da vida alheia. A gente vê muito no meio artístico", continuou ele.
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De acordo com o advogado Gustavo Proença, que representa o CCIR, o caso pode representar crime contra o sentimento religioso. Segundo ele, uma denúncia será feita junto ao Ministério Público e também será registrada notícia crime.
"Não dá para ter uma violação de direitos fundamentais nesse nível. Se não sabe do que se trata, não conhece, tem que buscar saber. A informação está aí. Na era da internet, não se admite mais esse tipo de comportamento, baseado em uma pretensa desinformação. Não é aceitável", declarou o advogado.
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Em entrevista exclusiva à coluna da Fábia Oliveira, o deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Átila Nunes (MDB), contou que abriu uma denúncia contra o cantor no Ministério Público do Rio (MPRJ) por intolerância religiosa.
"Denunciei o cantor Latino ao Ministério Público por escarnecer publicamente de culto religioso, crime previsto no artigo 208 do Código Penal, agravado por ter sido em veículo de comunicação”.
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O parlamentar disse ainda que pediu à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Segurança (DECRADI) que abra um inquérito e convoque o cantor. Em nota enviada também à coluna, o cantor se desculpou pelo comentário e disse não ter tido a intensão de ofender.
"Não estou aqui querendo justificar a minha declaração e sim pedir desculpas para quem se sentiu ofendido com ela (...) jamais tive a intenção de atingir a crença de qualquer pessoa". Até o fechamento dessa matéria, o MPRJ e a Polícia Civil não se manifestaram sobre o caso.