Benny Briolly, de 29 anos
Benny Briolly, de 29 anosReprodução
Por Bernardo Costa
Rio - Fora do país por medida de segurança, a vereadora Benny Briolly (Psol), a primeira parlamentar trans eleita para a Câmara Municipal de Niterói, foi ameaçada de morte por um grupo que se intitula de extrema direita e que age na deep web, um ambiente da internet com acesso e possibilidades restritas de rastreio. Segundo a vereadora, os ataques se intensificaram em dezembro de 2020, antes mesmo de ela tomar posse. 
A ameaça de morte foi enviada para o e-mail da parlamentar pelo grupo de extrema direita. 
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"No conteúdo exigiam que eu renunciasse ao cargo para o qual fui eleita, caso contrário, iriam até a minha casa me matar. O e-mail mencionava o meu exato endereço no Morro da Penha, minha favela (em Niterói). Por esse motivo, fui obrigada a me mudar da favela para seguir protocolos de segurança", disse a vereadora em entrevista a O DIA
Benny Briolly deixou o país por decisão do Psol, com o objetivo de 'assegurar a minha vida diante dessa situação'. 
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"O que posso dizer é que estou em um lugar seguro, recebendo o respaldo necessário para poder manter minha integridade física e minha saúde mental", diz a vereadora, que relatou um histórico das ameaças: 
"Sofro ameaças e agressões desde quando era assessora parlamentar da então vereadora, e agora deputada federal, Talíria Petrone. Mas a situação se intensificou muito desde que fui eleita, antes mesmo de tomar posse. São muitos episódios de violência política, racismo e transfobia".  
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Apesar de clima hostil na Câmara de Vereadores de Niterói, Benny Briolly afirmou não ter sofrido ameaça no ambiente da casa legislativa:
"A Câmara Municipal de Niterói é atravessada por toda lógica estrutural racista, transfóbica e machista. Por isso, a Câmara é um ambiente muito hostil para nossos corpos e para o projeto político que representamos. Ali dentro sofremos de várias formas racismo e LGBTfobia, mas nunca sofremos ameaça não". 
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Benny Briolly informou que foi incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, na última sexta-feira. Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que coordena a iniciativa, o programa tem o objetivo de articular medidas protetivas para garantir que o defensor permaneça em seu local de atuação e exerça sua militância em segurança. 
"É um absurdo qualquer parlamentar ter de se afastar do território onde foi eleito por insegurança. Isso me impede de exercer plenamente o cargo para o qual fui eleita. Fui a vereadora mais votada da cidade exatamente porque conhecemos e circulamos cada canto da cidade. Nossa forma de fazer política se diferencia da velha política porque não ficamos dentro de um gabinete despachando. Escutamos nosso povo atentamente e transformamos as demandas em projetos de lei e outras ações legislativas. Prestamos contas do nosso trabalho no transporte público, nas praças da cidade. Meu afastamento prejudica toda essa dinâmica", disse Benny Briolly.