Tatuagem realizada por Tatiana, profissional do Jacarezinho
Tatuagem realizada por Tatiana, profissional do JacarezinhoARQUIVO PESSOAL
Por Yuri Eiras
Rio - A cena chocou Tatiana Cordeiro naquela manhã de quinta-feira, 6 de maio: ao lado de casa, no Jacarezinho, uma mãe gritava após ver seu filho ser morto durante a operação que deixou 28 vítimas, entre elas um policial. Desde aquela semana, às vésperas do Dia das Mães, a imagem não sai da cabeça da profissional, que resolveu reverter o trauma da comunidade em afeto: Tatiana tem oferecido tatuagens grátis para as mães que queiram homenagear os filhos mortos na ação policial.
"A casa invadida por policiais, onde ocorreu duas das mortes, fica de frente para a minha. Eu presenciei a execução na frente da mãe. O grito de desespero dela clamando pela vida do filho está na minha cabeça está hoje. Fiquei transtornada, e três dias depois, quando abri, resolvei divulgar que estaria disponível a abraçar essas mães dando o que eu posso oferecer: tatuagem. Assim tenho feito", explica Tatiana, moradora do Jacarezinho há três anos.
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Tatiana é tatuadora e moradora do Jacarezinho - ARQUIVO PESSOAL
Tatiana é tatuadora e moradora do JacarezinhoARQUIVO PESSOAL
Até agora, Tatiana já desenhou na pele de duas mães, e marcou com outras duas. Uma delas é Paloma Coimbra, mãe de criação de Gabriel, um dos mortos na operação. "Mesmo com dor no coração, a Tatiana presenteou nossa comunidade do Jacarezinho com seu trabalho. A tatuagem significa muito pra mim. Sou completamente apaixonada pelos meus filho e ter uma tatuagem com o nome do Gabriel faz me sentir tão perto dele. Me acalma, me conforta. Está marcado na minha memória, na minha alma, e agora na minha pele para sempre", comentou Paloma.
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A ideia de Tatiana é mesmo prestar solidariedade, independentemente do passado dos filhos. Um papo de mãe para mãe. "Eu, que fui abandonada pela minha mãe, fiquei tocada ao acompanhar essas mães sofrerem por seus filhos 'socialmente errados'. Tenho cinco filhos, três gerados e outros dois enteados, também abandonados pelas mães", disse Tatiana.

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Mãe de homem morto no Jacarezinho pede indenização por vídeo falso
A mãe de um dos mortos na operação da Polícia Civil no Jacarezinho está pedindo indenização a deputados e blogueiros após eles terem vazado um vídeo na internet a acusando de segurar armas enquanto dançava em um terraço. Pelo menos 17 pessoas serão processadas por Adriana Santana de Araújo. A defesa pedirá na Justiça R$ 40 mil de cada um.
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Entre as pessoas que Adriana pretende processar, estão o youtuber Victor Lucchesi, o jornalista Allan dos Santos e o ator Thiago Gagliasso.
O vídeo na verdade mostra Rosana Coutas, de 48 anos, e Vera Lúcia Coutas, de 69. Elas alegaram que as armas que aparecem nas imagens eram de air soft. Disseram ainda que a filmagem foi feita durante um churrasco com os netos.
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"O vídeo é de um churrasco que a Rosana e a Vera estavam presentes com os netos, jogadores de air soft. Estavam com simularos em uma brincadeira, em família. Esse vídeo acabou vazando e a imagem delas foi veiculada à mãe de um dos mortos na operação", disse o advogado das duas, André Oliveira, em um vídeo.
Segundo ele, Rosana e Vera que moram em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, têm sofrido ameaças na rua por conta da disseminação da informação falsa.