Viabilizado pela Lei Aldir Blanc, o CD "Conforme Eu Sou", que tem produção musical do craque Paulão 7 Cordas, traz 12 canções do lendário Manacéa (1921-1995), autor de sucessos gravados por Cristina Buarque, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Marisa Monte. O compositor foi o responsável pela entrada de Tia Surica na Velha Guarda, em 1980.
"Eu já frequentava a casa dele. Um dia, ele me chamou, pegou o cavaco e me pediu para cantar. Aí acabei fazendo participação num show, mas só depois é que entrei para o grupo. Por isso, sempre digo que devo muito ao Manacéa. Os jovens precisam conhecer mais Manacéa", diz a sambista, que demonstra otimismo quanto à realização do Carnaval 2022. "Acho que vai ter desfile, sim, se a vacinação continuar direitinho. Estou na torcida".
História do Cacique eternizada
Líder do grupo Fundo de Quintal e fundador do Cacique de Ramos, Bira Presidente está às voltas com a gravação de documentário sobre sua trajetória e comemora. "Fico feliz de receber esse reconhecimento. Tenho orgulho de pertencer ao grupo de samba mais premiado da história. Sou grato, também, por poder fazer o Cacique levar tanta alegria ao povo nos dias de carnaval", resume.
As filmagens o ajudam a enfrentar o luto da perda de dois irmãos, Ubirany e Ubiracy, nos últimos meses. "Não tem sido fácil. Perdi dois irmãos e não estou podendo fazer shows, mas tenho a cabeça erguida. O que eu mais quero é poder abrir a quadra do Cacique, mas tudo depende da vacinação. Temos que ter cautela. O que vale é a vida, sempre, e o show há de continuar", profetiza Bira.
Dirigido pelo jornalista Paulo Guimarães, o documentário sobre Bira Presidente deve ser lançado até o fim do ano. Paulo afirma que o maior objetivo da produção é eternizar a história do sambista que fundou o bloco Cacique de Ramos há 60 anos. "O Bira é o samba em pessoa. Nasceu e cresceu sempre rodeado por grandes nomes da música. Tem uma história incrível. Aí a partir da década de 1970 foi aquela explosão com a Beth Carvalho gravando sambas do Cacique e revelando compositores que eram crias de lá. Muita gente ainda precisa conhecer essa história, porque o Cacique é um patrimônio da nossa cultura. Então posso adiantar que o filme será bastante musical", detalha o diretor, enfatizando que as gravações têm sido feitas de acordo com todos os protocolos sanitários de segurança. "Tem que ser assim".
Bira também está envolvido em outra novidade: as celebrações dos 45 anos de carreira do Fundo de Quintal, grupo que revelou Almir Guineto, Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Sombrinha e outros talentos. Nos últimos dias, os atuais integrantes se reuniram para a primeira sessão de fotos do projeto.
Ícone do Salgueiro não para
O ilustre salgueirense Haroldo Costa é outro exemplo de vitalidade. Três meses após apadrinhar o Sabiá, mascote oficial da agremiação da Tijuca, o ator, escritor, diretor, pesquisador musical e comentarista de carnaval está promovendo dois concursos via Lei Aldir Blanc: um de sambas de terreiro e outro voltado para passistas. Mais três projetos estão previstos até o fim do ano, todos em parceria com o produtor Robson Lo Bianco.
"As ideias surgiram justamente devido ao marasmo que estava dominando o mundo do samba. No caso dos sambas de terreiro, precisamos dar mais visibilidade a este gênero que quase não tem mais espaço nas quadras das escolas. Queremos revelar novos compositores e prestigiar também os antigos", explica. As inscrições podem ser feitas no site wwww.sambadeterreiro.gruporjbproducoes.com.br até o dia 15 de julho. O prêmio para o primeiro lugar é de R$ 6 mil.
Autor de 15 livros, Haroldo tem mais uma obra pronta, só aguardando publicação. 'Histórias do Brasil na Boca do Povo' reúne 100 sambas-enredos que contam a história não oficial do país. "Enquanto minha saúde permitir, quero continuar dando minha contribuição para a cultura do samba", completa o mestre, que agora também faz parte do time da Rádio Roquette-Pinto (94.1 Fm), fazendo participações no programa 'Papo Reto'.
Parceria com Martinho da Vila
Autor de sucessos nas vozes de Beth Carvalho, Alcione e Paulinho da Viola, Noca da Portela acaba de ter uma composição gravada por outro mestre, Martinho da Vila, coautor da canção. "Vidas Negras Importam", já disponível nas plataformas digitais, marca a retorno da parceria entre os veteranos, após 43 anos, como detalha Noca. "Martinho é um grande irmão, de muitos anos. Desfilei na Vila Isabel a convite dele em 1988, quando a escola foi campeã. Por isso, foi uma felicidade enorme compor de novo com ele. Fiz a primeira parte e liguei para ele. Cantei e ele gostou. Depois de três dias, ele tinha terminado a música, que é um calango. E a gravação ficou muito boa, me surpreendeu", exalta.
Sem sair de casa na pandemia, Noca revela ter feito 30 músicas nos últimos meses, entre elas 'Biografia', com Ciraninho, e 'O Dia Em Que o Mundo Parou", com Darcy Maravilha e Edmar Júnior. Maior campeão de sambas-enredos da Portela, empatado com o saudoso David Corrêa, com sete vitórias, o compositor diz que ainda tem um grande sonho. "Quero ser campeão do carnaval com um samba meu".