A Rua Bolívar, em Copacabana, próximo ao local onde Alba Valéria diz ter sofrido racismoReprodução/Google Street View

Por Bernardo Costa
Rio - Uma diarista foi vítima de racismo, na tarde desta quinta-feira, em um supermercado da Rua Bolívar, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Alba Valéria, de 55 anos, fazia compras no estabelecimento quando, em um dos corredores, disse ter sido insultada por uma mulher, que teria gritado em sua direção: "Vai comer banana, sua macaca!". O relato do crime de racismo foi postado pela vítima em uma rede social.
"Estou sentindo uma tristeza profunda. Toda hora a imagem dessa mulher volta à minha cabeça. Eu nunca tinha passado por isso. Agora sei o quanto o racismo é terrível. Estou muito triste e indignada", diz Alba Valéria, que mora em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e trabalha como diarista para duas famílias, em Copacabana e no Méier.
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A diarista se diz perplexa com o que passou, e conta que pretende fazer o registro de crime de racismo na delegacia:
"Pretendo sim fazer a denúncia contra a mulher que me atacou. Mas prefiro chegar em casa primeiro, descansar um pouco, e pensar com calma. Ainda estou muito abalada. Eu não desejo isso pra ninguém. É muito triste".
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Alba Valéria conta que, num primeiro momento, não imaginou que a suposta agressora se referia a ela:
"Eu estava colocando os legumes no saquinho e ela simplesmente gritou, do nada, 'vai comer banana, sua macaca!' Eu olhei para trás, olhei para os lados, e ela repetiu: 'É você mesmo, vai comer banana, sua macaca! Eu disse: 'Hã, é comigo?', perguntando às outras pessoas que estavam no corredor. Elas disseram que sim, e que era para eu não esquentar porque a mulher era louca e já tinha arrumado confusão outras vezes no mercado".

A diarista disse que ficou sem reação. Porém, minutos depois, quando estava no caixa para pagar as compras, resolveu retornar ao local em que a mulher estava para tirar uma foto dela. Segundo Alba, a mulher aparentava ter em torno de 60 anos de idade.
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"Quando ela me viu, me insultou novamente: 'Essa macaca de novo!'. Aí eu fui e bati a foto. Não queria sair de lá sem fazer nada. Ela não tem nada de louca. É racista. Tanto que saiu rapidamente do local com receio de ser agredida. Essa era a minha vontade. Mas não fiz nada em respeito à minha patroa, que estava comigo e é idosa. Fiquei com receio de que ela passasse mal. Eu não tinha feito nada a essa senhora, não tinha nem encostado nela, nem esbarrado nem nada".