Júlio foi acusado de roubo por gerente de lojaReprodução

Por Carolina Freitas
Rio - Um homem negro, identificado como Júlio Muniz, de 34 anos, estudante de psicologia e morador da Pavuna, na Zona Norte, foi acusado de roubo por uma gerente da varejista lojas Leader, do Shopping Jardim Guadalupe, localizado na Avenida Brasil. De acordo com Júlio, ele estava olhando uma blusa para comprar, quando mexeu na mochila para pegar o celular e a gerente disse que ele estava roubando a peça.
"Eu estava olhando a camiseta e logo depois mexi na minha mochila para pegar meu telefone. Ela [gerente] veio para cima de mim, mandou eu abrir a mochila e disse: 'Devolve!'. Eu abri e não tinha nada. Quando ela viu, me pediu desculpas junto com outros funcionários da loja. Eu não quero desculpas", disse Júlio indignado. 
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Ele conta ainda que foi até a 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) para registrar um boletim de ocorrência contra a gerente, mas que a mesma não quis ir até a unidade policial porque alegou estar passando mal.
Muniz faz parte de um projeto social, conhecido como "A rua é a casa de muitos, mas não deveria ser de ninguém", que tem como objetivo ajudar pessoas em situação de rua. De acordo com o dono do programa, Leo Motta, de 40 anos, Júlio foi acusado injustamente.
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"Ele é um cara que está sempre pensando no outro. Se dedica ao projeto há mais de um ano e está sempre disposto a te ajudar", cita Leo.
O amigo diz ainda que o que aconteceu com o estudante de psicologia já é algo comum no Brasil. "Ele não merece isso. Infelizmente é uma coisa que já virou rotina, né? Esse preconceito por essas lojas de departamento. A gente como amigo e conhecedor da pessoa dele, fica muito triste. A vida dele é ir para a faculdade, casa, e para os projetos sociais. Estou chocado com tudo isso", finaliza.
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DIA entrou em contato com a Leader para comentar sobre o ocorrido, que respondeu que lamenta profundamente e pediu desculpas. Além disso, disse que "A funcionária - que agiu de forma totalmente inadequada - já foi afastada. No entanto, sabemos que isso não é suficiente. Um caso como esse nos obriga a rever todos os procedimentos e descobrir onde erramos. Vamos rever nossos procedimentos internos para que casos assim não se repitam. Tal orientação não é encorajada em momento algum em nossos treinamentos".