Preparativos paras festas juninas na Feira de São CristóvãoLuciano Belford / Agência O Dia
Feira de São Cristóvão promove dois meses de festas juninas tradicionais
Especialistas alertam para os riscos e cuidados para evitar o contágio e a disseminação da covid-19 nas celebrações
Rio - O Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, popularmente conhecido como Feira de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, vai promover dois meses de festa junina, começando em 26 de junho e se estendendo até o dia 29 de agosto, todos os sábados e domingos. Por conta da pandemia de covid-19, o espaço não realizou festas juninas em 2020 e, neste ano, a celebração acontecerá de forma reduzida, seguindo as regras sanitárias e protocolos em vigor para evitar a disseminação da doença.
Em parceria com o projeto Circuito Arraiá, que desde 2015 circula por cidades do estado do Rio com festas juninas tradicionais, os eventos não vão contar com shows, mas com apresentações culturais com quadrilhas, repentistas, trio de forró e outras manifestações da cultura nordestina, além de uma decoração que chamará a atenção do público, com a montagem de uma igreja de seis metros de altura na entrada do estabelecimento.
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De acordo com a diretora de marketing da Feira de São Cristóvão, Marlene Mattos, a realização de uma festa junina reduzida e com responsabilidade, "é uma oportunidade de trazer de volta a alegria não só dos frequentadores da feira, mas do público em geral", já que serão realizadas transmissões ao vivo das atrações no canal da Feira, para quem quiser acompanhar de casa.
"Como no ano passado, mais um ano a gente não faria festa junina. Então, a convite da Marlene, a gente trouxe um pouquinho do Circuito Arraiá aqui para a Feira e a expectativa, é claro, é ter um grande público, mas com toda segurança. Vai ter capacidade limite de público, só entra de máscara e a nossa equipe vai estar circulando pela Feira, abordando as pessoas que tirarem as máscaras", explicou a organizadora do Circuito Arraiá, Monique Santos.
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A novidade do Circuito Arraiá será o espaço temático chamado Maria Bonita, que vai funcionar como um "bar camarote" em frente ao palco Jackson do Pandeiro, em uma parceria com o Grupo Dil Melo. O espaço contará com atendentes vestidos com roupas de festa junina, além de oferecer doces típicos, quentão, entre outras iguarias da celebração. O local terá ainda brincadeiras comuns da época, como correio elegante. Segundo a organizadora, essa será uma parte do Circuito Arraiá dentro da Feira de São Cristóvão.
Ainda segundo Monique, a parceria é responsável e com foco no fomento econômico dos feirantes e do setor cultural. "Na verdade, essa festa junina é para fomentar o próprio comércio da Feira de São Cristóvão. Todos os comerciantes estão envolvidos. A gente está fomentando também a cultura da Feira. Então, as atrações, a gente não está trazendo de fora, são os artistas que já estavam na estrutura. Vamos trazer um ar de alegria”, continuou Monique.
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Celebração com cautela
A pesquisadora em saúde e membro do comitê de combate ao coronavírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Chrystina Barros, fez um alerta sobre os riscos de contrair a covid-19 e cuidados que devem ser tomados em festas. Ela lembrou que, mesmo com as vacinas contra a doença, ainda há possibilidade de contágio e transmissão do vírus, ainda que não haja sintomas.
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"Mesmo com a vacina, precisamos lembrar que existe o risco das pessoas contraírem a covid-19. Principalmente, porque ainda temos uma taxa de disseminação muito elevada. Havendo pessoas vulneráveis, mesmo que já vacinadas, não é indicado qualquer tipo de festa de confraternização, porque elas ainda têm alguma vulnerabilidade. A vacina não controla a disseminação da doença sozinha. Podendo evitar, vamos pular essa fogueira desse ano, deixar pra comemorar no ano que vem com mais segurança", explicou a pesquisadora.
A médica geriatra e psiquiatra Roberta França afirma que apesar da vacinação, apenas uma pequena parte da população já está efetivamente imunizada com duas doses. Para a médica, eventos com aglomeração devem ser pensados com cuidado, já que a pandemia ainda não chegou ao fim.
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"Qualquer evento neste momento que fale de aglomeração, nós devemos ter imensa cautela. A gente precisa entender que o fato das pessoas já estarem sendo vacinadas, não significa que a pandemia acabou, que não precisa mais ter cuidado. Então, essas reuniões, mesmo com pouca quantidade de pessoas, tem sempre um risco de contágio. Onde tem aglomeração, pode ter coronavírus. É óbvio que está todo mundo cansado, angustiado, querendo voltar a sua vida social o mais rapidamente possível, mas ainda nós temos que pensar nisso com muita parcimônia”, alertou França.
Para os grupos que vão realizar festas juninas pequenas, com familiares e amigos, as especialistas recomendam que sejam feitas ao ar livre, com poucas pessoas, havendo distanciamento entre elas. Elas também destacam a importância dos participantes dos eventos já estarem imunizados com as duas doses da vacina contra a covid-19.
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"Se as pessoas já estão vacinadas, pequenos grupos em espaços arejados, podem, de alguma forma, se confraternizar com os riscos diminuídos em alguma medida. Mas, lembrando que são probabilidades. Sempre vai existir a probabilidade da transmissão, mas se as pessoas já foram vacinadas, não têm comorbidades e tem um ambiente arejado, elas podem sim, mas evitando a proximidade pessoal e estreita, mantendo um metro e meio de distância, para que possa haver alguma tranquilidade", esclareceu Barros.
"A gente tem que procurar fazer esses eventos da forma mais segura possível, evitando o excesso de pessoas, aglomerações, ambientes fechados, onde não há ventilação e a circulação do ar fica muito limitada, e lembrando as pessoas de circularem com o uso da máscara cobrindo efetivamente a boca e o nariz", completou França.
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