O risco de morte pelo coronavírus é 17 vezes maior na população obstétricaReprodução internet

Por O Dia
Rio - Desde o início da pandemia, o país contabiliza 1.412 mortes de mulheres grávidas, com cerca de seis óbitos por dia. A informação foi apresentada pela doutora Melania Amorim, do Grupo Brasileiro de Estudos de Covid-19 e Gravidez, durante audiência pública conjunta das Comissões de Trabalho, de Saúde e de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada nesta sexta-feira.
De acordo com a médica e pesquisadora, o risco de morte pelo coronavírus é 17 vezes maior na população obstétrica, além da maior chance de desenvolvimento de complicações graves pela doença.
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"Em 2020, o número era de 455 mortes e neste ano, só até junho, o número é de 957 mortes, mais que o dobro do ano passado. A covid-19 é a principal causa de morte materna no Brasil e uma em cada cinco mulheres morre sem acesso à UTI", disse Melania.
O estado do Rio tem 180 mil gestantes e puérperas, com 11.800 vacinadas tendo recebido a primeira dose, representando apenas 6,5% dessa população imunizada, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES).
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"A baixa taxa de imunização é agravada pela indicação do Ministério da Saúde pela não adesão à vacinação, indicando que mulheres grávidas não deveriam ser vacinadas, embora a vacinação para esta população já tenha recomendação cientificamente comprovada", disse a deputada Martha Rocha (PDT), que preside a Comissão de Saúde, referindo-se à recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no mês de maio, de que o imunizante da AstraZeneca não fosse mais aplicada em gestantes.
Maior acesso à vacina pelas gestantes
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Presente na reunião, o subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Mário Sérgio Ribeiro, revelou que, na próxima quarta-feira (30), deverá ser publicada uma deliberação flexibilizando o acesso da vacinação às gestantes e puérperas com ou sem comorbidades.
"Entendemos a limitação da exigência do parecer médico e isso será flexibilizado para facilitar a cobertura de vacinação neste grupo. Também vamos discutir para incluir na deliberação a utilização do imunizante da Pfizer na segunda dose, contribuindo para que as gestantes tomem a vacina", comentou.
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"A gente precisa garantir que campanhas de vacinação focadas nesse grupo sejam ampliadas e que haja postos específicos para esse processo, principalmente no contexto de favelas. Além disso, que haja mais transparência e informação sobre a vacinação neste grupo", disse a deputada Mônica Francisco (PSol), presidente da Comissão de Trabalho, que ressaltou que das 137 mortes de mulheres grávidas no Estado do Rio, 57% são negras.