ONG Rio de Paz estendeu uma faixa de 10 metros relembrando a morte do menino João Pedro MattosDivulgação

Por O Dia
Rio - A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou, nesta segunda-feira, um relatório sobre racismo em instituições de polícia e Justiça. De sete exemplos citados, dois são brasileiros: o caso João Pedro, no Rio de Janeiro, na cidade de São Gonçalo e o de Luana Barbosa, em Ribeirão Preto, São Paulo. O relatório, assinado pela alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, cita os casos de João Pedro e Luana como ilustrações da forma que investigações, processos, julgamentos e decisões não levam em conta as questões de discriminação racial dentro das instituições.
Além dos dois brasileiros, o documento relembrou os episódios de George Floyd e Breonna Taylor, nos Estados Unidos, além de mais outros três processos no Reino Unido, Colômbia e França. 
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No relatório, o Alto Comissariado da ONU analisou cerca de 190 casos de pessoas africanas e afro-americanas que acabaram morrendo após entrarem em contato com forças policiais e constatou que na "maior parte dos casos examinados a vítima não oferecia uma ameaça eminente de morte ou lesões severas que justificassem a aplicação do nível de força utilizado".
Com exceção do caso de George Floyd, nenhum dos episódios tiveram seus autores esclarecidos e responsabilizados pelos atos de violência. O relatório alerta para a necessidade "longamente procrastinada de enfrentar os legados da escravidão, do comércio transatlântico de escravos africanos e do colonialismo, além de procurar uma justiça reparadora".
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O texto classificou o caso George Floyd como "um marco histórico na luta contra o racismo e uma oportunidade transcendental para alcançar um ponto de inflexão a favor da igualdade e da justiça raciais". O policial envolvido na morte do homem foi condenado a 22 anos de prisão.
Para Bachelet, o racismo sistêmico resultou na marginalização econômica e politica, sem acesso à educação ou a atendimento de saúde de qualidade, ou sem uma representação adequada na sociedade, da população de origem ou de ascendência africana. Com isso, o relatório pede que os países adotem um conjunto de planos de respostas frente a esse problema.
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Casos no Brasil
Em 2016, Luana Barbosa sofreu graves lesões durante uma abordagem de três policiais militares, em Ribeirão Preto, São Paulo. A gravidade dos ferimentos provocou a morte de Luana, segundo apontou a defesa da família. Em fevereiro de 2020, a Justiça determinou que os réus fossem julgados. Apesar da decisão, as defesas dos agentes recorreram e a data do julgamento ainda não foi decidida.
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Já João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foi morto durante uma operação conjunta das polícias Federal e Civil em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, em maio do ano passado. Na ação, o menino jogava videogame em seu quarto quando agentes invadiram o local e abriram fogo.
A Defensoria Pública informou que não há qualquer indício de movimentação do caso há meses e a família continua sem respostas sobre quem matou João Pedro.