Jairinho é acusado de participação na morte do enteado, HenryRenan Olaz/CMRJ

Por Aline Cavalcante
Rio - Com atraso de cerca de 30 minutos, a sessão extraordinária que vai decidir a cassação do vereador Jairo Souza Santos Júnior, Dr. Jairinho (sem partido), começou, nesta quarta-feira, com o vereador Carlo Caiado (DEM) lendo um parecer sobre a cassação de Jairinho. Se aprovada a cassação, será a primeira vez que um vereador perde o mandato no Rio.

"É um momento difícil, mas não iremos nos isentar da nossa responsabilidade", afirmou.

Em seguida, o vereador Luiz Ramos Filho (PMN), relator da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, leu o parecer elaborado pelo conselho.

"Por decisão unânime, após de indícios suficientes de envolvimento na morte do menino Henry, que resultou na prisão de Jairinho, a peça conclui a presença de elementos suficientes para apurar a conduta incompatível com decoro parlamentar. Não restou alternativa a esta Casa que não fosse a instauração para investigar a quebra de decoro", pontuou.

O relator explicou que o relatório elaborado pela Comissão de Ética com pedido de cassação foi baseado nos resultados da perícia, depoimentos. Ramos Filho ressaltou que Jairinho responde por homicídio triplamente qualificado, tortura e agressões contra Henry.

"Não restam dúvidas que Jairinho agredia Henry, culminando com a morre do menino. A perícia confirmou que a morte do menino não foi acidental, como diz a defesa. Os depoimentos de Pablo dos Santos Medeiros, conselheiro do Instituto D'Or, também serviram de base. Jairinho utilizou de sua posição política para tentar evitar que o corpo da criança fosse submetido à perícia no IML, além de tentar coagir testemunhas, o que configura quebra de decoro", disse.

Após a leitura do relatório, os vereadores estão discursando. Cada parlamentar poderá falar até 15 minutos cada.

Alexandre Isquierdo (DEM), presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, abriu os discursos.

"A palavra justiça foi o que permeou as decisões do conselho, com muita ética, lisura e transparência", anunciou.

"Não vamos votar hoje o crime de Dr. Jairinho. O que vamos votar é se houve ou não quebra de decoro. Jairinho cometeu abuso de poder, tráfico de influência e mentiu quando disse que o pequeno Henry caiu da cama", afirmou Chico Alencar (Psol).

Logo após os discursos dos vereadores, a defesa de Jairinho terá a oportunidade para se manifestar por até duas horas.
Integrante do Conselho de Ética, a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) afirmou que deixar Jairinho exercer seu mandato é uma desmoralização para a Câmara dos Vereadores.

"Hoje estamos aqui para dar uma resposta ao pai do Henry, um menino inocente, brutalmente assassinado, que não tinha como se defender. Estamos dando uma resposta a outras crianças que foram vítimas do Dr. Jairinho. Peço que a sociedade não tenha medo de denunciar. Talvez o que aconteceu com Henry poderia ter sido evitado se as outras mães das crianças que Jairinho agrediu tivessem denunciado. Jairinho continuar na Casa é uma desmoralização, por isso votarei a favor da cassação", garantiu.
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Antes de iniciar o discurso, o vereador Celso Costa (Republicanos) pediu um minuto de silêncio pela morte do menino Henry.
O vereador Gabriel Monteiro (PSD) criticou o fato de Dr. Jairinho ainda ocupar o cargo. "Enquanto ele (Dr. Jairinho) continuar nessa Casa, Henry Borel continuará sendo torturado. Não vejo a hora de votar para ver que todos nós somos contra a tortura de crianças. Jairinho não merece ser chamado de doutor e de vereador. Essa votação tem que ser unânime", pediu.

A votação nominal começará logo em seguida.