A nova previsão é que o Museu da Imagem e Som seja entregue no início de 2023Governo do Estado

Por Jorge Costa*
Rio - O governador do Rio, Cláudio Castro, anunciou a retomada das obras do Museu da Imagem e Som (MIS), em Copacabana, na Zona Sul do Rio, como um presente para a comemoração do aniversário de 129 anos do bairro, que acontece nesta terça-feira (6). A unidade está com 70% das construções finalizadas desde 2014, sem a ocorrência de alterações até o momento. A previsão é que o espaço seja aberto ao público no início de 2023.

O edital de licitação para a escolha da empresa que concluirá a construção do museu será lançado em até 90 dias pela Secretaria de Infraestrutura e Obras. A expectativa é que a companhia vencedora consiga concluir a obra até o final de 2022. Serão investidos por parte do Governo do Estado um total de R$ 52 milhões para a conclusão e entrega do espaço.

As obras do Museu de Imagem e Som foram iniciadas em 2010 e a primeira previsão é que ele fosse finalizado em 2012. O governador do Rio, Claudio Castro, afirmou que as construções estavam suspensas há cinco anos.

“Anunciar a retomada das obras do Museu de Imagem e Som, suspensas há cinco anos, no dia do aniversário de Copacabana, é uma alegria. É um presente que esse bairro e a população merecem. Inspirado nas curvas do calçadão do bairro, o museu será mais um ponto turístico em um dos famosos cartões-postais do mundo. É um presente para todos. É, acima de tudo, a preservação da nossa cultura, tão marcada pela música e pela musicalidade do nosso povo”, afirmou o governador do Rio, Claudio Castro.

Desde 2014, o museu conta com 70% das obras concluídas e não houve alteração até o momento. Por parte do poder público R$ 79 milhões já foram investidos, e mais R$ 118 milhões também foram captados pela Fundação Roberto Marinho junto à iniciativa privada. As obras são divididas em diferentes etapas: as duas primeiras preveem a demolição, fundação e execução da estrutura do edifício; a última diz respeito a serviços de revestimento e instalações (elétricas, hidráulicas, sanitárias, de prevenção contra incêndio e especiais), sistemas de sonorização, iluminação, entre outros. Por fim, a implantação da museografia.

Serão lançados sete editais para a realização destas ações, conforme explicou o secretário de Infraestrutura e Obras, Max Lemos.

“Vamos lançar no mercado sete editais, cada um com a sua função. Estamos otimistas em relação à quantidade de empresas disputando esse certame. A obra é a consolidação do turismo no Rio de Janeiro, uma cidade amada por todo o mundo. O projeto é muito singular, ofertando serviços culturais de última geração para moradores do Rio e turistas”, disse.

O que dizem os moradores

Com mais de 20 anos vivendo em Copacabana, o morador Mair Tenório, de 57 anos,  que reside na rua Júlio de Castilhos, disse que acompanhou a época antes da obra ser iniciada. Ele contou que existia a antiga boate, chamada Help, mas que ela foi desativada e era um espaço desperdiçado para o bairro.

Quando houve o primeiro anúncio da construção do Museu de Imagem e Som, Mair explicou que os moradores ficaram animados com a chegada do novo espaço. ”Esperamos que eles consigam realmente finalizar essa obra, pois é mais uma atração para Copacabana. Quando as obras começaram todo mundo esperava que fosse mais uma atração turística, pois aqui temos o bairro com maior atração turística do Rio. Todo mundo tinha essa expectativa, mas houve as interrupções e escândalos de corrupção envolvendo o governo Cabral, o que gerou uma grande decepção para os moradores”, explicou.

O advogado Hélio Pereira, de 62 anos, também mora na rua Djalma Ulrich, em Copacabana, a cerca de 100 metros do museu e acompanhou todo o processo de construção da unidade. Ele criticou a demora na realização das obras e explicou que se nada for feito, a estrutura do prédio pode sofrer danos permanentes a ponto da edificação ser desperdiçada. Ele destacou que durante o início da criação do museu, houve uma grande expectativa por parte dos comerciantes na época.

“A cultura no Brasil é a última coisa a ser lembrada. O museu foi iniciado na época do Cabral, as obras se arrastaram durante anos e até hoje estão paradas, faltando pouca coisa para finalizar. Quando o espaço começou a ser construído, os comerciantes aqui do entorno estavam otimistas e começaram a alugar lojas no entorno do museu, só que a promessa não foi a frente e, sem público, eles faliram. Eu espero que este museu seja terminado. Desde quando o ex-governador Sérgio Cabral foi preso, ninguém nunca mais apareceu lá. É o dinheiro do povo que está sendo jogado no ralo através dos nossos impostos”, lamentou Hélio.

Sobre o Museu de Imagem e Som

Com 9,8 mil metros quadrados de área construída, divididos em oito pavimentos, a nova sede do MIS foi criada para ser um boulevard vertical. O térreo terá uma cafeteria e uma livraria. O mezanino vai abrigar uma exposição temporária. Do primeiro ao quarto piso, haverá exibições temporárias e permanentes, incluindo acervos sobre Carmem Miranda e Carnaval. A proposta do museu é contar a história da cultura brasileira do ponto de vista carioca.

Um restaurante com a visão da Praia de Copacabana será instalado no mezanino entre o quarto piso e a cobertura, que contará ainda com um cinema a céu aberto. No primeiro subsolo, o público terá acesso a um auditório com 280 lugares em conjunto com uma boate. No segundo subsolo, ficarão os camarins. A gerente de Patrimônio da Fundação Roberto Marinho, Larissa Graça, afirmou que o MIS será um instrumento importante de afirmação da cultura e arte do país.

“A notícia da retomada da obra do MIS, aguardada por todos com tanta ansiedade e expectativa, nos dá ânimo para celebrar, ainda mais, a potência do povo do Rio de Janeiro e reafirmar nossa parceria na construção deste museu. Um museu que cada dia se mostra como um instrumento importante de afirmação e valorização daquilo que temos de mais importante e potente: a nossa cultura e a nossa arte”, disse.

Atualmente, o MIS ocupa dois endereços na região central da capital fluminense: o prédio original, na Praça XV, e outro edifício, na Lapa. Ele foi criado em 1965 e se tornou um ponto de encontro das vanguardas culturais cariocas. O acervo da unidade conta com mais de 4 mil horas de gravação abrangendo os mais diversos segmentos da cultura, além de reunir coleções de artistas como Carmen Miranda, Jacob do Bandolim e Dorival Caymmi.
*Estagiário sob supervisão de Bernardo Costa