Maristela Maciel Gonçalves, de 53 anos, comemorando a sua ida para a última quimioterapia na segunda-feira (5)WhatsApp do DIA (98762-8248)

Por Jorge Costa*
Rio - A tosadora de animais Maristela Maciel Gonçalves, de 53 anos, fez a sua última sessão de quimioterapia contra o câncer de mama na última segunda-feira (5), no Instituto do Câncer de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Com a ajuda de seu filho, Victor Maciel, ela escreveu no vidro traseiro do seu carro "última quimioterapia” e instalou alguns balões antes de sair de sua casa, em Bangu, na Zona Oeste, com o objetivo de compartilhar a sua felicidade por estar curada da doença. Durante o caminho, ela recebeu o carinho de inúmeras pessoas e descreveu o momento como um dos mais emocionantes de sua vida.
“Eu conversei com o meu filho e ele encheu as bolas e ajudou com a pintura do carro. Foi muito maravilhoso. Eu fui da minha casa até o hospital chorando, mas foram lágrimas de emoção e surpresa pelas pessoas estarem acenando e mandando um carinho tão grande. Só quem passa por aquele momento consegue sentir. É comum receber carinho dos familiares, mas ser acolhida por pessoas que eu nunca vi é uma experiência que não consigo nem descrever”, contou.
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Durante o caminho de Bangu até o hospital em Vila Isabel, na ida e na volta, Maristela recebeu o carinho de diversos motoristas ao longo da viagem. Ela destacou que quando seguiu pela Avenida Brasil, ouviu muitos veículos tocando a buzinando perto dela. A tosadora de animais também recebeu o carinho de policiais, motociclistas e enfermeiros em carros de ambulância que trafegavam pelo local. 
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Conhecida popularmente como Stela, a tosadora realizou oito sessões de quimioterapia, uma por mês, e descobriu a doença após realizar o teste do toque. Ela teve uma irmã que também tinha adoecido e se curado com a doença há 11 anos. Desde então, a cada seis meses, Maristela realizava a mamografia e se prevenia contra a doença.
“Eu mesma que detectei o câncer de mama pelo toque, porque como eu acompanho a minha mama esses anos todos, eu sempre me perguntei assim: “Meu Deus, será que eu vou conseguir apalpar e sentir algo diferente? Eu estava deitada na cama quando apalpei e senti um caroço pequeno, é bem perceptível, é fácil detectar, as pessoas não precisam ter dúvidas em relação a isso, e também não precisam esperar só o outubro rosa para lembrar do exame do toque”, alertou.
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Stela descobriu a doença em março de 2020, mas só pode começar o tratamento em outubro em função dos hospitais estarem com as vagas ocupadas para o atendimento da covid-19. A sua primeira sessão de quimioterapia foi em dezembro de 2020, e a última foi realizada na segunda-feira (5) desta semana. Ela contou que durante todo o processo o momento mais difícil foi justamente passar pela angústia de não saber se conseguiria receber o atendimento médico contra o câncer de mama.
“Os hospitais estavam todos parados porque só atendiam a covid-19. Na época entrei em pânico, porque o tumor começou a crescer muito rápido e eu comecei uma angústia muito grande. Eu sofri muito, pois não tinha plano de saúde e não sabia o que fazer, nem onde conseguir algum tratamento. Quando as vagas nos hospitais começaram a voltar eu tive a oportunidade de me cuidar contra a doença”, afirmou.
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Stela contou que o que ela considerou decisivo para combater o câncer de mama foi a sua determinação em viver, junto ao apoio do seu filho, Victor Maciel, e sua irmã, Marisa Maciel Gonçalves. “Só quem me conhece sabe o quanto eu amo viver. Meu filho, de 20 anos, meu companheiro e amigo, e minha família, minha irmã que é a única viva. Eu falei para ele que ainda não era a hora. A vontade de Deus é suprema, a vida é muito linda”, disse.
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O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres no Brasil comparado a outras doenças da mesma natureza, sendo também a que mais mata a população feminina no país, exceto na região Norte. No mundo, é a segunda mais presente entre as cancerígenas, perdendo apenas para o câncer de pulmão. A previsão para este ano é que 66.280 novos casos sejam registrados no país, e a taxa de mortalidade está em torno de 16,1%. Os dados são de uma estimativa feita pelo Inca em 2020.
Para se prevenir contra a doença, o exame do toque é o mais indicado por especialistas e a mamografia também é recomendada para mulheres entre 50 a 69 anos. Ao sentir algum caroço na mama, um médico deve ser procurado imediatamente.
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Estagiário sob supervisão de Cadu Bruno