Ideia é chamar a atenção de consumidores e da plataforma iFoodREPRODUÇÃO TWITTER

Rio - Eles estarão na rua de jaqueta, capacete e mochila, mas com os motores desligados. Entregadores de aplicativo das zonas Norte e Oeste do Rio pretendem paralisar os serviços no próximo domingo, dia 18, a partir das 10h. A ideia é chamar a atenção de consumidores e da plataforma iFood para o que chamam de "concorrência desigual". Segundo eles, as diferentes modalidades de entregadores do iFood têm dado prioridade às empresas, e deixado colaboradores autônomos com cada vez menos entregas. 
"A nossa intenção é dar um blecaute no aplicativo em três pontos: BarraShopping, Metropolitano e Via Parque, na Barra, e fazer com que a paralisação se espalhe pela cidade. Reivindicamos direitos, melhoras na taxa mínima de entrega e código de segurança contra golpes. A gente não pretende fazer arruaça, bagunça. Não é nossa intenção, não é nosso querer. Não vai ser isso. Nosso manifesto é pacífico, onde não prejudique ninguém", afirma um dos responsáveis da paralisação, que prefere não se identificar. Sem sindicato nem representantes, os autônomos têm se organizado em grupos de Whatsapp e Telegram. Na semana passada ocorreram protestos em portas de shoppings em Madureira, Vicente de Carvalho e Campo Grande.
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Entregadores de apps já realizaram protestos em 2021 - REPRODUÇÃO TWITTER
Entregadores de apps já realizaram protestos em 2021REPRODUÇÃO TWITTER
Para o domingo, a pauta principal do ato é o pedido de mudanças nas duas modalidades de entregadores. A mais comum é a nuvem, quando o colaborador possui autonomia para fazer entregas em qualquer lugar e em qualquer hora. Esse regime também permite que ele atenda outros aplicativos. Outra forma de trabalho é a OL (operador logístico), justamente a que tem causado incômodo. OLs são empresas que possuem seus próprios entregadores e firmam contrato com o iFood para realizar entregas em determinadas áreas específicas da cidade, as chamadas sub praças, como ao redor de shoppings e centros comerciais. Esses grupos, segundo os entregadores nuvem, ganharam prioridade e "tomaram territórios", como em Campo Grande. Eles pedem o fim das sub praças.
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"Em média, nós, nuvens, fazíamos entre 15 e 25 entregas em dias normais. Os OLs faziam às vezes vezes entre 20 e 30. Umas cinco entregas a mais de diferença por conta da prioridade. Com a modalidade sub praça, os OLs fazem 30 ou mais entregas, e nós nuvens não estamos chegando a fazer 10. Hoje em dia, qualquer entrega faz falta", calcula um entregador.
Em nota, o iFood informou que são os próprios Operadores Logísticos os responsáveis por posicionar os entregadores em determinada área e definir as regras de suas empresas, "bem como efetuar os pagamentos de seus respectivos entregadores". A plataforma não pretende acabar com nenhuma das duas modalidades, e afirmou que "atualmente, tanto a parceria com os entregadores nuvem quanto os operadores logísticos vêm crescendo de forma consistente para acompanhar o volume de demanda por entrega de clientes que utilizam a plataforma". 
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Entregadores denunciam golpes de consumidores; app afirma disponibilizar código de segurança
Os entregadores de diferentes aplicativos denunciam que têm sofrido golpes de consumidores. Segundo eles, alguns clientes recebem os pedidos corretamente, mas relatam ao aplicativo que não receberam. A depender do caso, eles ficam com o lanche e ainda têm o valor restituído. Do outro lado, os entregadores, apesar de terem concluído a entrega, são bloqueados da plataforma. 
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"Existem estelionatários disfarçados de clientes, existem pessoas sem caráter disfarçadas de clientes. Essas pessoas fazem os pedidos, recebem os pedidos e após a entrega relatam que não receberam. O que acontece com o entregador? É bloqueado, e às vezes banido. Além de ficar com os produtos que foram entregues elas recebem o dinheiro de volta", afirma um entregador. "Em muitos aplicativos, temos apenas suporte eletrônico para resolver essa situação, um absurdo. Há casos em que um robô pode resolver sim, mas existem outras que é necessária a atenção de um atendente".
Procurado, o iFood informou que "já disponibiliza nacionalmente o recurso de código para validação de entrega", inclusive no Rio de Janeiro. Segundo o aplicativo, com o código há a certificação que o pedido foi entregue para o destinatário correto, evitando extravios. O iFood disse ainda repudiar "desvios de conduta de qualquer usuário cadastrado no aplicativo, sejam consumidores, estabelecimentos parceiros ou entregadores independentes. No caso de qualquer ocorrência, é importante sempre acionar a empresa pelos canais oficiais de atendimento e relatar o ocorrido".