RayaneReprodução Instagram

Rio - Uma blogueira, identificada como Anna Carolina de Sousa Santos, e mais quatro amigas, que são acusadas de estelionato e organização criminosa, tinham um grupo no WhatsApp para comentar os golpes que aplicavam. No "Apto 302 Recreio", o mesmo em que elas foram presas em flagrante no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, na última quarta-feira, as mulheres trocavam informações sobre as vítimas e até debochavam quando encontravam alguém com pouco dinheiro na conta bancária.
De acordo com policiais da 40ª DP (Honório Gurgel) , além de Anna, Yasmin Navarro, Mariana Serrano de Oliveira, Rayane Silva Sousa e Gabriela Silva Vieira foram presas em um apartamento onde funcionava uma "central de telemarketing", que servia para aplicar golpes em suas vítimas.
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Segundo um diálogo divulgado pelo G1, Yasmin Navarro repassou os dados de uma idosa de 88 anos que só tinha R$ 330 na conta. "Pobre", escreveu a jovem na mensagem. "Carol tá com azar", emendou uma pessoa identificada como JN. "Não aguento mais pobre", completou Yasmin.
Blogueira e amigas presas por estelionato debocham de vítima: 'Não aguento mais pobre' - Reprodução TV Globo
Blogueira e amigas presas por estelionato debocham de vítima: 'Não aguento mais pobre'Reprodução TV Globo
Elas também compartilhavam no grupo as dificuldades para falar com vítimas pelo telefone. Em uma conversa, uma delas diz que não estava conseguindo fazer contato com os números que tinha. "Tá ruim para falar mesmo, muito número que não existe", afirmou uma das jovens. Rayane ainda tentou animar o grupo: "Mesmo jeito que a de vocês, mas vambora".
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Yasmim também incentiva as demais: "Bora meninas, 15h. Tem que estourar de segundas. Dinheiro para o FDS [fim de semana]. Porque o trampo de sexta só cai na segunda". "Chega me tremo", comentou Rayane.
Blogueira e amigas presas por estelionato debocham de vítima: 'Não aguento mais pobre' - Reprodução TV Globo
Blogueira e amigas presas por estelionato debocham de vítima: 'Não aguento mais pobre'Reprodução TV Globo

Segundo investigações, as mulheres entravam em contato fingindo ser da administradora do cartão de crédito, e conseguiam dados bancários de vítimas. O golpe consistia em dizer que uma fraude havia sido detectada nas compras feitas no cartão, e a vítima deveria passar alguns dados para resolver o problema. Elas ainda mandavam um suposto motoboy até a casa da pessoa a ser lesada para recolher o cartão.
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Com todos os dados e o cartão das vítimas em mãos, elas faziam compras, saques em contas bancárias e até empréstimos. Os agentes encontraram uma planilha com mais de 10 mil dados de vítimas em poder do grupo. Um caderno com anotações indicava ainda um pagamento de R$ 416.516,30 para um homem e folhas com a logo do Banco do Brasil, que deveriam ser apresentadas pelo falso motoboy para ajudar a enganar as vítimas.
As cinco presas foram levadas para a 40ª DP, assim como laptops, celulares, anotações e máquinas de cartão de crédito para a análise da investigação.
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Defesa nega envolvimento
A defesa negou envolvimento de Mariana Serrano de Oliveira e Gabriela Silva Vieira com a quadrilha. De acordo com o advogado Norley Thomas Lauand, que representa as duas, as jovens são universitárias, moram em São Paulo e estavam hospedadas no apartamento, que pertencem a Yasmin Navarro.

"Elas estavam com passagem comprada para voltar hoje (sexta-feira) para São Paulo. Não têm nada a ver com isso. As famílias estão desesperadas", disse Lauand ao G1.
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Daniel Sad, advogado de Anna Carolina de Sousa Santos, também negou envolvimento da cliente e repudiou as acusações. "Ao longo do instrução criminal, sua inocência será provada. A mesma possui ocupação lícita, residência fixa e bons antecedentes, razão pela qual será impetrado o recurso cabível para sua soltura", disse Daniel.