Segunda dose foi adiantada de 12 para oito semanasReprodução

Rio - A antecipação de 12 para oito semanas da segunda dose da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca pretende evitar a disseminação da variante Delta no estado do Rio. Em uma coletiva no Palácio Guanabara nesta terça-feira (13), o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, explicou que a medida quer garantir uma melhor imunidade da população contra a doença.
Segundo o secretário, a variante indiana tem provocado novas ondas de transmissão na Europa e, apesar de ser caracterizada por uma menor letalidade, ela provoca um número significativo de casos. Ele também ressalta que os imunizantes em estoque para a segunda dose não podem ser usados como primeira, por conta do risco de não haver vacina disponível para a D2.
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"A última recomendação no Reino Unido foi de que somente com a D2 de AstraZeneca, a gente tem uma efetiva proteção contra a variante Delta e com isso a gente conseguiria bloquear. A possibilidade de a gente usar essas vacinas que estão paradas em estoque e com isso garantir uma melhor imunidade da população é absolutamente essencial nesse momento, porque a gente está agora com um cenário da entrada da variante indiana, a variante Delta", explicou o secretário.
Chieppe reforçou que a decisão foi tomada em conjunto com o Conselho dos Secretários Municipais de Saúde e é autorizativa, cabendo às pastas de cada cidade decidirem se adotam ou não a medida, avaliando a estrutura logística e o número de vacinas em estoque. Diferente do que afirmou o secretário municipal de saúde do Rio, Daniel Soranz, Chieppe diz que a antecipação não representa perda significativa de eficácia.
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Soranz descartou a antecipação da segunda dose para a população idosa e pessoas com comorbidades, mas confirmou que avalia a possibilidade para os grupos de faixa etária mais jovens em entrevista ao DIA. Segundo ele, quando a D2 é aplicada no período de 12 semanas, tem eficácia de 80%, que se for reduzida para oito, cai para 59%.
"Os estudos mais recentes do fabricante mostram que não há perda de eficácia da vacina quando ela é aplicada com oito ou com 12 semanas. De fato, o que a gente tem hoje de mais recente é uma diminuição de eficácia de 9%, mas com um intervalo de confiança muito amplo, que coloca tecnicamente empatado, em termos de eficácia, a utilização da D2 com oito semanas ou com 12 semanas. A gente já conhecia essa diferença, volto a dizer que do ponto de vista estatístico, não significativa. Por outro lado, nós temos diversos outros ganhos com a antecipação. Os estudos que nós temos são os últimos do fabricante", declarou o titular da SES.
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O secretário também disse que acredita que com a antecipação, pessoas que não foram tomar a segunda dose, vão passar a procurar os postos de imunização para completar o esquema vacinal. Ainda de acordo com Chieppe, a medida não muda regras de vacinação, apenas antecipa a aplicação, o que está previsto nas instruções de uso do fabricante. Dessa forma, nenhum regra do Plano Nacional de Imunização (PNI) foi descumprida.
A antecipação da segunda dose da Pfizer, ainda não entrou em discussão. Durante a coletiva, o governador Cláudio Castro fez um apelo para que a população não escolha o fabricante da vacina na hora de se vacinar. 
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"Nós esperamos ter as pessoas imunizadas mais rápido. Nós continuamos na total crença que a vacina é a nossa esperança da retomada total, de nós vencermos a covid-19. Continuo pedindo a população que não faça escolha por vacina X, vacina Y, vacina Z, qualquer vacina é importante. Nesse momento, nós precisamos da nossa população vacinada. É importantíssimo que você que tomou a primeira dose, que dentro do seu tempo, procure a segunda dose, que é tão fundamental."
Castro também divulgou os dados mais recentes do novo coronavírus no estado. De acordo com o governador, são 982.609 casos confirmados e 56.848 óbitos. As taxas de ocupação de leitos de UTI e enfermeira estão em 57% e 33% respectivamente, e a fila de espera está zerada. Atualmente, todo o estado está em bandeira amarela, de risco baixo de contágio, com 6,4 milhões de pessoas imunizadas com a primeira dose, representando cerca de 60% do público-alvo. A segunda dose já contemplou 2,3 milhões de pessoas.