O secretário municipal da Saúde do Rio, Daniel Soranz, descartou a possibilidade de antecipar a vacina contra a covid-19 para idosos e pessoas com comorbidadesReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - O secretário municipal da Saúde, Daniel Soranz, descartou a antecipação da segunda dose da vacina AstraZeneca para a população idosa e pessoas com comorbidades, mas confirmou que avalia a possibilidade para os grupos de faixa etária mais jovens durante entrevista ao DIA . A discussão tem ganhado espaço pois a medida pode servir como uma estratégia para conter a variante Delta, que já está em circulação no Brasil. Soranz afirmou que a posição da prefeitura é manter o intervalo de 12 semanas entre as aplicações para assegurar a eficácia maior do imunizante.
“A gente já descartou essa possibilidade de reduzir o intervalo entre as doses. O município do Rio de Janeiro decidiu manter a vacinação com 12 semanas seguindo a própria bula da medicação publicada pela Fiocruz e também seguindo o Ministério da Saúde. O objetivo é manter a eficácia da vacina, quando ela é feita com esse período de 12 semanas ela tem uma eficácia de 80% (AstraZeneca), e se for reduzida para oito semanas há uma perda e a eficácia cai para 59%, então a gente decidiu manter o intervalo de vacinação entre a primeira e segunda dose no período normal para garantir a média elevada de proteção da vacina”, afirmou Soranz.

Em relação a população mais jovem, Soranz explicou que o município do Rio avalia se vai permitir ou não a antecipação. Ele afirmou que poderia ser uma escolha da própria pessoa interessada. “Para jovens, ainda estamos em avaliação se a gente vai permitir essa opção. Porque isso precisa ser uma escolha do próprio paciente. Então para a população jovem, a gente vai avaliar se vamos permitir essa opção”, disse.
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Perguntado pelo DIA se o Rio poderia estaria com o risco de ter uma transmissão local da variante Delta, quando a doença já circula dentro da cidade mas é possível controlar o contágio, o secretário afirmou que a possibilidade existe. "A gente está reforçando a nossa vigilância genômica, e a possibilidade é da identificação dessa variante, mas até o momento ela não foi encontrada em mais nenhum paciente", disse.
O Governo do Estado anunciou na segunda-feira (12) que decidiu antecipar o intervalo da segunda dose da vacina AstraZeneca de 12 para 8 semanas. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a medida foi tomada com a finalidade de acelerar a imunização, tendo em vista que os municípios já estão com estoque disponível do imunizante para a segunda dose. Os municípios, contudo, têm autonomia para decidir se realizam ou não a determinação.

Um estudo do Instituto Pasteur e do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França - divulgado pela revista Nature - mostrou que uma única dose das vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca era pouco eficiente contra a variante Delta.

Apenas cerca de 10% das pessoas era capaz de neutralizar a cepa indiana após uma única dose de qualquer uma dos imunizantes (13% na Pfizer e 9% na AstraZeneca). No entanto, ao receber a segunda aplicação de ambas as vacinas, a resposta neutralizante foi de 95% - embora os anticorpos tenham sido 3 a 5 vezes menos potentes contra a variante Delta.
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No país, os estados do Acre, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí e Santa Catarina decidiram pela antecipação da segunda dose para conter a variante Delta. O governo de São Paulo, contudo, optou por manter o intervalo de 12 semanas e a recomendação do Ministério da Saúde continua sendo a de não mudar o período entre as doses.
*Estagiário sob supervisão de Bernardo Costa