Mulheres homenageadas no mural tiveram seus rostos pintados de tinta brancaRose Cipriano
Memorial que homenageia mulheres negras em Duque de Caxias é vandalizado
Os rostos de sete das nove personalidades reproduzidas no mural foram pintados de tinta branca. Memorial será reconstituído pelos artistas responsáveis pela homenagem
Rio - Após um mês da inauguração e uma semana antes do Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, o Memorial Nossos Passos Vêm de Longe, que homenageia mulheres negras, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, foi vandalizado, no último domingo (18). Um homem, que ainda não foi identificado, pintou de tinta branca os rostos de sete das nove personalidades reproduzidas no mural.
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A professora Rose Cipriano, integrante do Coletivo Feminista Minas da Baixada e ativista do Movimento Negro Unificado, foi uma das homenageadas que teve o rosto coberto de tinta branca no mural. Ela contou ao DIA que recebeu a notícia do vandalismo pela Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial (IDMRJ), que organizou o memorial.
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"Me ligaram avisando que o memorial tinha sido vandalizado. Eu achei que era alguma pichação, algo comum, mas aí me avisaram que tinham pintado nossos rostos de branco. A gente ficou pessoalmente muito impactado, porque é a nossa imagem. A gente entende que foi racismo, uma tentativa de apagar a memória dessas mulheres", disse.
Assim como Rose, as imagens de Nidia Raposo, Mãe Beata, Silvia Mendonça, Fátima Monteiro, Ana Leone, Dona Eleonor foram danificadas no memorial. As reproduções de Marielle Franco e Maria Conga não chegaram a ser pintadas, mas, para Rose, a ação não teria ocorrido por "falta de tempo" e não pelo vândalo expressar qualquer respeito à história e memória delas.
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A ativista ainda contou que a imagem do rosto da Dona Eleonor foi salva por uma moradora da região que teria visto o vandalismo e jogou um balde de água no mural para tentar retirar a tinta branca. Rose Cipriano, acompanhada das outras mulheres homenageadas no memorial, foi ao local ver o resultado.
"A gente conversou com os vendedores ali de perto e eles se comprometeram em estar olhando. No domingo, o movimento é pequeno, então eles viram o homem pintando os rostos. Mas quando eles gritaram, o homem correu. Muita gente falou conosco da indignação, as pessoas estão entendendo esse ato de racismo, essa ação que foi feita ali no memorial".
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As mulheres homenageadas, junto com a IDMRJ e os artistas responsáveis pelo mural, vão se reunir nesta semana para decidir quais medidas vão tomar contra o vandalismo. Além disso, elas anunciaram que irão refazer o memorial para que as homenagens sejam mantidas.
No próximo domingo (25), no Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, eles pretendem ainda realizar um ato de desagravo pelo vandalismo, no Viaduto do Centenário, em Duque de Caxias.
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A Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, informou que o memorial é uma iniciativa realizada de forma independente por representantes de movimentos sociais da Baixada Fluminense, mas que lamenta o ocorrido.
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes
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