O policial André Leonardo Mello Frias, de 45 anos, era petropolitanoReprodução/Internet

Por Thuany Dossares e Bruna Fantti
Rio - A viúva do policial civil André Frias, morto na operação Exceptis, no Jacarezinho, dia 6 de maio, escreveu uma carta pública repudiando a inclusão do nome do agente no memorial que será erguido na entrada da comunidade. Isso porque o nome de Frias estará junto com nomes dos outros 27 mortos, apontados pela corporação como criminosos.
Na missiva, ao qual O DIA teve acesso, Jaqueline de Souza pede que isso não aconteça, em respeito à memória do agente.
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"Venho pelo presente, não só manifestar meu sentimento de dor, mas também solicitar que haja o mínimo de respeito à sua memória e sacrifício pelo sangue derramado do meu marido", escreveu. 
Viúva do policial civil André Frias escreveu uma carta pedindo que o nome do marido não fosse citado no memorial  - Divulgação
Viúva do policial civil André Frias escreveu uma carta pedindo que o nome do marido não fosse citado no memorial Divulgação
Jaqueline conta que ficou sabendo através da imprensa que iriam construir o memorial para homenagear as pessoas mortas durante a ação e, entre elas, Frias. Ela afirma rejeitar tal citação e que a mesma seria um insulto ao marido.
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"Faço saber que rejeito veemente inserir o nome do André entre esses possíveis 'suspeitos e traficantes', partícipes na morte do André. O André confrontou para libertas os oprimidos pelo tráfico naquele ambiente de criminalidade. Um homem honesto, trabalhador e reconhecido como policial. Seria um insulto a memória do nome dele inserir seu sacrifício neste monumento com os nomes de suspeitos e traficantes", declarou.
Além de pedir que o policial não seja citado no memorial, ela ainda o classifica como uma afronta.
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"A criação deste monumento é uma clara afronta ao cidadão de bem e a nós, familiares que perdemos nosso marido e pai no cumprimento do dever durante uma ação legítima. Esta é a minha opinião, como esposa e cidadã brasileira!", finalizou.
A reportagem procurou a deputada estadual Dani Monteiro, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Alerj e uma das organizadoras do ato. Através de sua assessoria de imprensa, ela informou que respeita o posicionamento da viúva do policial, mas que a retirada do nome de Frias será uma decisão dos moradores do Jacarezinho.
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Em nota, a parlamentar declarou que todos estão perdendo com a atual política de segurança pública do Estado do Rio. Confira o posicionamento na íntegra:
"O fato é que a atual política pública para segurança pública do Rio de Janeiro está matando dos dois lados. Nesse caos, nessa guerra, não há ganhadores, todos saímos perdendo. Todas as mortes, portanto, são lamentáveis, e todas devem ser devidamente apuradas. O memorial é uma forma de os moradores homenagearem os seus mortos. A viúva do policial, por sua vez, tem todo direito a um posicionamento distinto e a homenagear a memória do seu marido da forma em que ela se sinta mais confortável e acolhida. A CDDHC não faz distinção entre vítimas, acolhe e suporta independentemente da origem. Mas respeitamos veementemente o posicionamento dela". 
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Memorial no Jacarezinho para homenagear os 28 mortos
No último dia 6, um mês após a operação Exceptis, no Jacarezinho, moradores da comunidade e representantes da Comissão de Direitos Humanos da Alerj realizaram um ato em memória aos 28 mortos na ação, entre eles o policial civil André Frias.
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Lideranças comunitárias e familiares se reuniram para cobrar respostas da polícia e divulgar um memorial pelo não esquecimento das vítimas. O evento contou com apoio de representantes da Defensoria Pública, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Ministério Público.
Os moradores pretendem convidar artistas que se habilitem a fazer a arte do monumento.
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