Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão no Caju, em endereços ligados a uma cooperativa de reciclagem investigada por lavar dinheiro do tráficoREGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA

Rio - Policiais civis da 17ª DP (São Cristóvão), da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) e de outras quatro delegacias realizam, na manhã desta quarta-feira (21), a primeira fase da operação 'Katharsis', no Caju. A polícia investiga se uma cooperativa de reciclagem era usada para lavar o dinheiro do tráfico de drogas da região. O objetivo é cumprir 15 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a suspeitos de usarem a empresa para movimentar dinheiro do crime.
Houve um breve confronto na chegada da polícia à comunidade do Caju. Um homem que portava um radiotransmissor foi preso em flagrante - ele não é ligado à empresa de reciclagem. Francisca Érica Abreu Carlos, presidente da cooperativa, e Valdir Marques da Silva Filho, o tesoureiro, foram encontrados na Ilha do Governador. Valdir foi preso em flagrante por porte ilegal de arma; a esposa foi conduzida à 17ª DP (São Cristóvão) para prestar esclarecimentos sobre documentos suspeitos encontrados na residência.
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Após seis meses de investigação, a Polícia Civil descobriu que o braço financeiro do tráfico movimentou mais de R$ 50 milhões entre 2018 e 2020. O principal alvo da investigação é uma cooperativa de reciclagem localizada na própria comunidade, que teria movimentado cerca de R$ 18 milhões.
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Segundo as investigações da 17ª DP, a presidente da cooperativa, Francisca Érica Abreu Carlos, declarou renda mensal de R$ 3 mil, mas movimentou cerca de R$ 25 milhões nos últimos dois anos. Seu marido, Valdir Marques da Silva Filho, tesoureiro da empresa, movimentou outros R$ 4 milhões, apesar de ter recebido auxílio emergencial do governo federal. Paulo Sérgio da Silva, o Baixinho, motoboy da região, seria o responsável por transportar os valores: em um ano, ele realizou 22 saques na conta da cooperativa, e movimentou R$ 3 milhões nas contas pessoais.
Segundo a Polícia Civil, organograma da lavagem de dinheiro do tráfico de drogas no Caju tem o traficante Bob, atualmente preso, como líder - DIVULGAÇÃO
Segundo a Polícia Civil, organograma da lavagem de dinheiro do tráfico de drogas no Caju tem o traficante Bob, atualmente preso, como líderDIVULGAÇÃO
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A Polícia Civil identificou que parte dos valores eram repassados para familiares de traficantes do Complexo do Caju e de de favelas do Complexo da Maré. Um dos traficantes é Luis Alberto Santos de Mouro, o Bob do Caju. Apesar de preso desde 2017, ele ainda controla a movimentação financeira do tráfico local e tem grande influência, segundo a polícia, em empresas terceirizadas da Comlurb que atuam no lixão do Caju.
"As empresas de reciclagem sofrem gerência do tráfico, no sentido de que os coordenadores dessas cooperativas são ameaçados para que as pessoas indicadas no tráfico de drogas sejam empregadas. O tráfico de drogas é quem decide quem contrata, e quem demite", explicou o delegado Márcio Esteves, titular da 17ª DP (São Cristóvão).
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"Em relação ao fluxo, o dinheiro passava pela conta de várias empresas. Esse dinheiro da Transformando vai para a conta da Érica, da Greyce, do Valdir, e depois são sacadas. Um dos investigados sacava por semana R$ 50 mil em espécie. A gente ainda está seguindo o dinheiro para onde ele foi", completou o delegado.
Colaborou Reginaldo Pimenta