Com isolamento social, registros diminuem e casos podem ser abafadosreprodução internet

Rio - Um estudo realizado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) mostra que os registros de violência doméstica caíram durante os períodos mais rígidos de isolamento social no Estado do Rio. No entanto, logo assim que foi notado um relaxamento das medidas restritivas impostas por meio de decreto, esses números voltaram a crescer. Entre 13 de março a 31 de dezembro o número de ligações para o Disque Denúncia sobre “Violência contra Mulher” reduziu 20,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Por outro lado, o Serviço 190 da Polícia Militar apresentou aumento de 1,6% na quantidade de ligações sobre “Crimes contra a Mulher”, na mesma comparação de datas.
O demonstrativo explica que a queda nos registros durante o período da pandemia podem ter sido afetados por, pelo menos dois motivos, o receio de a vítima se expor a uma situação de contágio do vírus, e a impossibilidade de a vítima sair de sua residência pela presença e controle do agressor. De acordo com os gráficos, a queda mais acentuada se deu entre março e julho de 2020, quando as medidas restritivas eram mais rigorosas e logo depois, com o isolamento em declínio, os números voltaram a subir.
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O levantamento considera ocorrências das delegacias, o Serviço 190 da Polícia Militar, o Disque 180 do Governo Federal (denúncias e orientações), o Disque Denúncia no estado do Rio de Janeiro (2253-1177), a ouvidoria do Ministério Público do Rio de Janeiro (capital: 127; demais localidades: 2262-7015; WhatsApp: 99366-3100) e o atendimento ao cidadão da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (129). 
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O estudo aponta que, o local em que mais ocorrem crimes contra mulheres são as próprias residências das vítimas o que pode trazer mais consequências já que as agressões acontecem, na maioria das vezes, sem testemunhas. Em uma esfera privada, o estudo explica que a violência doméstica é mascarada, o que pode aumentar ainda mais a subnotificação, a recorrência das agressões e dificulta ações de prevenção.
Gráficos da pesquisa mostram que, em em 2020, a violência física dentro de casa aumentou de 60,1% em 2019 para 64,1% em 2020. Para violência sexual, uma variação ainda maior: 57,7% em 2019 para 65,6% em 2020.
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Ranking de localidades
O estudo também mostra as localidades com maior número de mulheres vítimas entre 13 de março e 31 de dezembro de 2020. As áreas são relacionadas com a abrangência das delegacias de Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro. Os crimes analisados são aqueles registrados sob a Lei Maria da Penha, além dos feminicídios, estupros e ligações para o 190 sobre “Crimes contra a mulher”.
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A área da 35ª DP (Campo Grande), foi a que mais registrou ocorrência. A região cobre o território de Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Santíssimo e Senador Vasconcelos e teve 115 vítimas de estupro, com 1.457 vítimas de crimes enquadrados na Lei Maria da Penha, quatro casos de feminicídio e 3.424 ligações para o 190.
Os bairros de Santa Cruz e Paciência registraram 2.278, área da 36ª DP registrou 2.278 ligações para o 190.
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No 32ª DP (Taquara), que abrange os bairros do Anil, Cidade de Deus, Curicica, Gardênia Azul, Jacarepaguá e Taquara, teve 1.488 vítimas de ocorrências registradas sob a Lei Maria da Penha e 103 casos de estupro.
O território de Austin, Miguel Couto, Vila de Cava e Tinguá, área da 58ª DP (Posse) teve 1.591 vítimas de ocorrências enquadradas na Lei Maria da Penha. A região também teve 2.613 chamadas para o 190. 
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Na área da 54ª DP (Belford Roxo) foram registrados cinco casos de feminicídio e na da 59ª DP (Comendador Soares), foram quatro casos desta ocorrência.
Na região da 59ªDP (Duque de Caxias) foram 106 casos de estupro.