Sandro Simão, advogado carioca, deixou o Brasil em maio. Corpo foi encontrado no Alasca, nos Estados UnidosARQUIVO PESSOAL

Rio - Guardas florestais em serviço no dia 2 de julho encontraram um homem morto no Denali National Park, área de preservação ambiental no Alasca, estado gelado e pouco habitado no extremo dos Estados Unidos. Na última quinta-feira, 18 dias depois, autoridades norte-americanas confirmaram que o corpo é do advogado carioca Sandro Simão, de 35 anos. Ele havia desaparecido após descobrir uma doença em estágio terminal e decidir viajar pelo mundo nos últimos momentos de vida, sem dar notícias. Na outra ponta do continente, no Rio de Janeiro, uma família se desespera por uma solução para o translado do corpo, a e aponta omissão do governo brasileiro na condução do caso.
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A confirmação de que o corpo encontrado no Alasca é de Sandro veio após semanas de agonia. Segundo um familiar, que prefere não ser identificado, o Itamaraty e o Consulado-Geral do Brasil nos Estados Unidos já tinham a informação de que um brasileiro havia sido encontrado no parque local, mas não repassaram à família.
"Ele morreu no dia 2, as autoridades do Alasca avisaram ao consulado no dia 6. A família foi avisada no dia 20, duas semanas depois. Alguma instituição sabia dessa informação e reteve. Enquanto isso, nós estávamos desesperados, com a informação de que o Sandro estava desaparecido. Ninguém avisou. Se fosse ao contrário (um norte-americano no Brasil), seria caso de polícia internacional", desabafou o familiar.
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Parentes de Sandro ainda não sabem exatamente qual foi a doença que fez o advogado deixar o país e viajar pelo mundo. Ele partiu no fim de maio, com passagem de volta marcada para o dia 2 de julho, exatamente o dia em que o corpo foi encontrado. "Ele não entrou no voo. Começamos a pensar que havia algo estranho", diz um familiar. "Há um histórico de perdas na família. Ele deve ter viajado para tentar nos poupar do sofrimento".
A advogada e especialista em Direito Internacional Karina Costa foi quem se comunicou com o Itamaraty e o Consulado-Geral do Brasil em São Francisco, no estado da Califórnia, responsável pelas questões diplomáticas no Alasca. Ela aponta omissão do governo brasileiro nas tratativas.
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"Isso se tornou um caso de Direito Internacional, um impasse internacional que envolve um corpo de um nacional brasileiro negligenciado. Houve omissão. As autoridades brasileiras não cobraram com vigor as autoridades americanas sobre o desfecho", afirma a advogada. "Há uma mãe no Brasil esperando notícias, querendo se despedir de seu filho e homenageá-lo. É difícil até em relação ao estado do corpo. Não sabemos em quais condições ele está, aonde ele ficou durante esse tempo. Nada foi informado".
Procurado pelo DIA, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que "acompanha o caso e, por intermédio do Consulado-Geral em São Francisco, vem prestando toda a assistência consular possível à família". O Itamaraty afirmou também que "está em contato com as autoridades norte-americanas envolvidas e com a família". Sobre a identificação do corpo, informou que "é responsabilidade das autoridades dos Estados Unidos, e que o Consulado vem acompanhando detidamente o processo".
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Em relação ao translado, o Itamaraty disse que consulados podem apoiar os familiares com orientações e expedição de documentos, como o atestado de óbito, mas não há previsão de custeio, com recursos públicos, para a transferência.