Investigações apontam que grupo chefiado por Demétrio recebeu mais de R$ 1 milhãoReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Por O Dia
Rio - O delegado Maurício Demétrio, preso nesta quarta-feira por comanda organização criminosa que cobrava propinas de lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, já sabia desde agosto de 2020 que estava sendo investigado. De acordo com a denúncia do MPRJ, um dos comparsas do delegado, o advogado Celso de Freitas Guimarães Junior, solicitou acesso aos autos do inquérito que corria contra o grupo.

Foi nesse momento, segundo os investigadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) decidiu interromper a participação da Polícia Civil no processo. O pedido de acesso do advogado foi negado pelo juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara Criminal Especializada da Comarca da Capital, o mesmo magistrado que autorizou os mandados de prisão de Demétrio e dos outros três policiais que integravam o grupo.
Ainda segundo a denúncia do MPRJ, Guimarães teria tentado obstruir as investigações em outra ocasião, ao entrar com mandado de segurança contra a autuação do órgão. O pedido, contudo, foi rejeitado pelo desembargador João Ziraldo Maia. 
Publicidade
Além das tentativas de obter detalhes sobre a operação que o prendeu, Maurício Demétrio também é apontado como o mentor de uma operação falsa, realizada em março, a "Raposa no Galinheiro". Com provas forjadas, a operação chegou a prender em flagrante o delegado Marcelo Machado, quem justamente o investigava. Machado foi solto logo após pagar fiança.
Em fala na Sede da Corregedoria da Polícia Civil, na quarta-feira, o delegado preso negou o conteúdo da denúncia do Ministério Público. "A diligência que o Gaeco me acusa de ser retaliação foi mandado pelo Ministério Público. Não existe nada forjado, de jeito nenhum. O dinheiro (encontrado em seu apartamento) foi declarado no Imposto de Renda, inventariado, herança da minha mãe. Os carros foram comunicados à Corregedoria. Foi uma retaliação, com certeza, capitaneada pelo Gaeco", afirmou.

Nesse caso, a denúncia do Ministério Público aponta que o grupo de Demétrio forjou conversas de Whatsapp se passando por interessados em adquirir camisetas fabricadas pela confeccção que pertence a Marcelo Machado e seu sócio, Alfredo Dias Babylon. Os produtos encomendados foram usados para incriminar Machado na operação falsa. O Gaeco, no entanto, percebeu que a representação contra Machado foi feita e apresentada em data anterior à encomenda das camisas, antes mesmo de elas existirem.