Arte da exposição 'Cintilando e causando frisson - 140 anos de João do Rio'Foto: Divulgação / Museu Bajubá
Exposição virtual homenageia trajetória de João do Rio
Com a mostra 'Cintilando e causando frisson - 140 anos de João do Rio', Museu Bajubá retrata a vida de um dos principais jornalistas do Brasil
Rio - Para comemorar o aniversário de João do Rio, nesta quinta-feira, 5 de agosto, o Museu Bajubá irá inaugurar a exposição digital "Cintilando e causando frisson - 140 anos de João do Rio". Com um olhar atento para as causas trabalhistas e de equidade feminina, João do Rio teve a vida entrelaçada com as mudanças urbanísticas e sociais do Rio de Janeiro do século XX. O museu virtual propõe homenagear um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro, que teve a história apagada por fazer parte de minorias sociais.
Uma das idealizadoras do Museu Bajubá e doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rita Colaço conta que a homenagem a João do Rio conversa com trajetória dele como homossexual e todas as outras facetas do jornalista.
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"Procuramos mostrar ele em sua complexidade, com seus paradoxos, contradições e ressaltar esse aspecto das lutas e da solidariedade pelas questões sociais e trabalhistas. Também queremos convidar as pessoas a conhecer sua obra. Embora, para alguns, o estilo de escrita seja estranho porque guarda as marcas de uma época, há crônicas deliciosas, que são verdadeiro trabalho etnográfico", analisa.
A exposição em homenagem a um dos jornalistas pioneiros do Brasil nasce um ano após a criação do Museu Bajubá, em 2020, representando o seu primeiro projeto expográfico. "Construir essa exposição está sendo apaixonante porque está nascendo com a própria construção do museu, que é diferente. É original tanto no fato de ser totalmente virtual, quanto na temática [LGBTI+]. O que estamos musealizando é, na verdade, a presença desses personagens na história das cidades. São os seus territórios de memória e resistência e os seus espaços de memória nas cidades", explica Rita, que completa:
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"Nós vamos mostrar a presença dessas pessoas que foram apagadas da história da cidade; apresentadas apenas no registro da delinquência, do vício, da marginalidade. Até mesmo os espaços ditos como pornográficos, na verdade, eram espaços de sociabilidade, de construção de laços de solidariedade e de constituição de mecanismos de proteção social entre os LGBTI+".
Apesar de ter uma trajetória pioneira como repórter e de ser apaixonado pelo Rio, João do Rio foi, aos poucos, esquecido. "Na minha percepção, o somatório de estigmas que ele carregava [faziam com que ele fosse esquecido]. O fato de ser negro, gordo, homossexual.... Embora tenha conquistado o público na época, após a sua morte ele já estava sofrendo um processo de apagamento", pontua a pesquisadora.
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Para que o público crie ainda mais laços com João do Rio, nesta quinta-feira, às 19h, também haverá uma live com o biógrafo dele, o jornalista, pesquisador e escritor João Carlos Rodrigues, no canal do Youtube do Museu Bajubá.
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