Crianças lavando as mãosFernando Frazão/Agência Brasil

Rio - População de crianças entre 0 a 9 anos está no pior momento de internações por complicações respiratórias no estado do Rio. É o que diz o novo levantamento, ainda em fase de conclusão, realizado pelo pesquisador Leonardo Bastos, do Programa de Processos de Dados (Procc/Fiocruz). A descoberta chega em meio à abertura de escolas e a volta às aulas de unidades particulares, municipais e estaduais. Apesar disso, o estudo aponta que, o motivo da internação não é necessariamente a covid-19 e sim por outra condição respiratória.
Publicidade
A pesquisa aponta que, a partir do momento que a criança é diagnosticada com covid-19, outras infecções vem sendo descartadas. Por conta disso, em muitos casos, o que causa a internação não é, necessariamente, o coronavírus e sim uma condição respiratória não testada que costuma circular no período de inverno. Esse fenômeno é chamado de "infecção cruzada".
"Isso pode sim estar associado com outras doenças respiratórias como vírus sincicial respiratório (VSR). Os dados apresentados mostram um aumento das hospitalizações com confirmação da covid. Nesse caso, uma hipótese seria que as crianças com covid se hospitalizem por outras causas e por acaso também estão infectadas com o SARS-CoV-2. Infelizmente os dados no formato que temos não nos permite saber quantos casos hospitalizados com covid-19 tinham outra infecção", explicou.
Publicidade
Segundo Bastos, ainda não existem evidências da sazonalidade da covid, mas que é possível observar que, as hospitalizações aumentaram para as crianças de 0 a 9 anos, mas esse movimento não aconteceu para o grupo de 10 a 19 anos. "Isso reforça essa hipótese de outros vírus respiratórios nas crianças já que esses vírus afetam mais as crianças mais jovens", explica o pesquisador. Ainda segundo ele esse aumento observado nas hospitalizações não se reflete nos óbitos, que segue em um patamar baixo.
Publicidade
A pesquisa salienta que, o Vírus Sincicial (VSR) pode causar problemas graves (com necessidade de internação) em bebês e crianças pequenas e está com circulação relevante em todo o país e que no Rio de Janeiro, essa de. “Mas no Rio de Janeiro não sabemos como está a co-detecção por conta dessa logística que privilegia o teste de Covid-19. Esta ocorre por motivos compreensíveis, mas que acabam não testando os demais vírus quando o diagnostico é positivo para Covid-19”, observa Bastos.
Volta às aulas 
Publicidade
As aulas na rede municipal de ensino do Rio retornaram, na segunda-feira (2), após o recesso escolar do mês de julho em formato híbrido, isto é, presencial e remotamente. Na quinta-feira (29), secretário de Educação do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, afirmou, que todas as escolas do município devem funcionar no formato presencial até setembro e que quase todas as unidades estão aptas ao retorno presencial. 
Bastos explica que a volta às aulas é necessário, mas que é preciso adotar medidas realmente efetivas para as crianças. A volta as aulas é necessária, principalmente com os pais tendo que voltar ao trabalho e não ter onde nem com quem deixar as crianças. O outro lado é a segurança associada, as escolas precisam ter protocolos atualizados para proteger todos, os professores, as crianças e todos os contatos. E nesse sentido é importante que se acelere a vacinação nos adultos para reduzir as hospitalizações e óbitos", explica. 
Publicidade
O pesquisador também chama a atenção para o uso de máscaras reforçadas (PFF2/N95) para professores e funcionários e para as crianças. Além disso, seguir com o distanciamento físico e boa ventilação nas unidades. "Sem bons protocolos sanitários, a volta as aulas pode trazer um risco maior no aumento da transmissão e consequentemente de hospitalizações tanto das crianças, quanto dos professores e funcionários", finalizou.
Segundo a SMS, todas as escolas foram adequadas para a volta das aulas presenciais. As que precisaram, ganharam ajustes estruturais também. Recentemente, as unidades escolares municipais receberam R$ 18,1 milhões da SME em verba para fazer ajustes e pequenos reparos.
Publicidade
Hospitalização de idosos
Publicidade
O estudo também indica que há um aumento do número de hospitalizações de idosos com 80 anos ou mais, por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG por Covid-19) no Estado do Rio de Janeiro. Essa elevação do número de casos ocorre após cerca de quatro meses de queda. De acordo com o levantamento, essa população tem uma boa cobertura vacinal no momento, mas uma efetividade menor. Além disso, alguns fatores ainda colocam esse grupo em uma situação de risco, como a transmissão comunitária ainda elevada, menor efetividade, maior tempo desde a segunda dose e possível efeito de perda de imunidade (imunossenescência) por conta da idade.
Em julho, Daniel Soranz falou que a Secretaria Municipal de Saúde estuda a possibilidade de aplicar a terceira dose da vacina contra covid-19 em idosos a partir de outubro. Soranz disse que, a prefeitura monitora esse grupo para verificar se eles apresentam uma queda na imunidade mesmo com a segunda dose. Caso seja comprovado, o reforço chega aos idosos de 80 ou mais em outubro, em 70 ou mais em novembro e 60 ou mais em dezembro. 
Publicidade