Crianças foram vistas pela última vez em uma feira do bairro Areia BrancaReprodução

Rio - O delegado Uriel Alcântara, titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), revelou que a especializada agora trabalha apenas com a possibilidade do assassinato dos meninos de Belford Roxo pelo tráfico de drogas local. A informação foi divulgada durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais do deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL) nesta segunda-feira (16).
Na live, o titular da DHBF afirmou que outras linhas de investigação já foram descartadas. Fernando Henrique, de 11 anos, Alexandre da Silva, de 10 anos, e Lucas Matheus, de 8 anos, desapareceram no dia 27 de dezembro do ano passado, depois de saírem para brincar em um campo de futebol próximo ao condomínio onde moravam, no bairro Castelar, por volta das 10h30. 

"No início, tínhamos diversas linhas de investigação. Conseguimos juntar provas mais concretas, após cinco meses, que apontassem em uma direção. Hoje, temos uma única linha de investigação: a responsabilidade do tráfico de drogas pelo crime. Já sabemos que essas crianças foram mortas dentro da comunidade e que os corpos foram levados para um rio", declarou Alcântara.

Na transmissão, o delegado disse ainda que a polícia já está em busca de mais elementos sobre a ocultação dos cadáveres. O titular acrescentou que depoimentos de testemunhas gravados ajudaram a construir as provas.

"Não podemos entrar em mais detalhes, mas a investigação amadureceu bem. Ainda não temos todos os dados elucidados, mas o que temos é muito firme e consistente. Continuamos trabalhando para elucidar outros dados. Queremos constituir as provas de forma bem transparente. No momento oportuno vamos divulgar as provas."

As vítimas teriam sido mortas após o furto de uma gaiola de passarinhos. O crime teria ocorrido depois que Fernando, Alexandre e Lucas saíram para uma feira do bairro Areia Branca. No local, porém, nada de violento ou que pudesse chamar a atenção das pessoas ocorreu. Os meninos foram assassinados no interior da comunidade, segundo o delegado, que explicou a demora de se chegar à autoria, devido ao medo dos moradores e à dificuldade de monitoramento policial na região.

"No início, foi muito (difícil) até traçar o perfil das crianças. Não sabíamos o que elas foram fazer na rua. Muitas informações contraditórias e desencontradas chegavam até nós. Naquela comunidade, temos dificuldade de realizar diligência ordinária, de enviar uma viatura, de chamar vizinhos para depor em uma comunidade. As pessoas sem nenhum envolvimento com o crime têm uma resistência muito grande em ir até a delegacia, como em qualquer comunidade do Rio de Janeiro", explicou o titular.

A região onde o crime aconteceu vive uma disputa de território entre o tráfico de drogas e milícias. Duas das famílias das vítimas moram em um condomínio no alto da comunidade, no qual cada casa paga uma taxa para o tráfico de drogas. Em janeiro deste ano, um homem foi torturado pelo tráfico e levado à delegacia por usuários de drogas. No mesmo dia, a companheira dele e os enteados saíram com a roupa do corpo da comunidade. Segundo Alcântara, foi uma tentativa do tráfico apresentar uma autoria para o crime.

"A Baixada Fluminense tem um contexto diferente da capital, onde várias regiões são dominadas por milicianos, mas não necessariamente vinculados aos grupos maiores. Devido à fragilização desses grupos milicianos, estão ocorrendo conflitos com o tráfico de drogas para expansão territorial. Ambos os grupos criminosos aterrorizam os moradores, subjugando a população. Atuamos de maneira firme em relação aos dois grupos criminosos, que são responsáveis por homicídios e roubos de cargas e de veículos" finalizou o titular da DHBF.
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