Sandri Sá sofreu perda de 50% de sua receita no ramo da beleza durante a pandemiaArquivo pessoal

Rio - Cada dia é uma batalha diferente que as mulheres negras precisam enfrentar e superar. A pandemia da covid-19 trouxe, além dos cuidados com a saúde, o desemprego e os problemas financeiros. Segundo a PNAD Contínua, do IBGE, no Rio de Janeiro, entre o 1º trimestre de 2021 e o mesmo trimestre de 2020, a taxa de participação (percentual de pessoas na força de trabalho em relação ao total de pessoas em idade ativa) de mulheres negras foi reduzida em 9 pontos percentuais, passando de 56% para 47%.
"O mercado de trabalho brasileiro e carioca ainda está bastante deteriorado, mas já demonstra sinais de recuperação. A expectativa é de um segundo semestre mais forte e com uma economia melhor, principalmente por conta do avanço da vacinação", disse Chicão Bulhões, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, que analisou o estudo com foco na cidade.
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Para a vereadora Tainá de Paula (PT), o município precisa de políticas públicas para a redução das desigualdades raciais e de gênero. "As mulheres negras sempre ocuparam os postos de trabalho mais precarizados e sem garantias mínimas. Com a flexibilização das leis trabalhistas e a crise econômica essas desigualdades ficaram escancaradas. Em curto prazo o que precisamos é garantir uma renda básica municipal e investir em desenvolvimento econômico nas periferias da cidade". 
Representante da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Alerj, a deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), pede um plano de inclusão das mulheres negras nos programas que garantam capacitação e gerem emprego. "As mulheres negras foram as primeiras a serem demitidas e são as últimas a serem admitidas. Nossas jovens precisam de perspectiva. Precisamos investir na educação, criando programas de qualificação profissional que estejam conectados com as novas profissões que estão surgindo no mercado". 
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O secretário Chicão Bulhões revelou que será lançado o projeto Programadores Cariocas, com foco em cursos de programação para jovens com o objetivo de prepará-los para o mercado de tecnologia.
"Ele contará com metas para incentivar a formação de mulheres, em especial, mulheres negras. Nós acreditamos que o desenvolvimento econômico do Rio passa por redução de desigualdades, diminuição da pobreza e uma sociedade mais inclusiva. Por isso, precisamos investir na formação e capacitação dessas mulheres para reverter esse quadro, que já é estrutural, e foi agravado na pandemia".
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Mulheres negras revelam impacto nos rendimentos
A artesã e designer de joias, Elna Taynna, encarou o desafio de sobreviver profissionalmente durante a pandemia. "O impacto nos meus rendimentos foi drástico. Tenho três filhos, cuido sozinha, ficou muito complicado. Meu filho mais velho, de 13 anos, até agora, não consegue acompanhar às aulas, porque nosso computador quebrou. Não recebi nenhum auxílio do governo, e estou vivendo de faxinas, cuido de crianças. Perdi 90% da minha receita mensal", disse a designer. 
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Autônoma no ramo da beleza da mulher preta, Sandri Sá, de 35 anos, explicou que a pandemia afetou ainda mais o cotidiano das mulheres. Ela revelou que antes da pandemia trabalhava todos os dias. "Sofri um impacto financeiro de 50%. Hoje, eu trabalho dois dias, mas antes a minha agenda estava sempre lotada. Sigo resistindo. Não compra nada que não seja emergência. Minha renda vai para comida e que está super cara. Muitas de nós (mulheres negras) se quer pensam ou tem oportunidade de se qualificarem. Não somos estimuladas, não temos tanto representatividade, muitas se limitam ao sonho de arrumar um casa de família pra ser doméstica. É difícil até de arrumar emprego formal por conta do racismo estrutural".