Dr. JairinhoReprodução

Rio - A defesa do ex-vereador Dr. Jairinho entrou com um pedido de habeas corpus, nesta sexta-feira, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em relação ao caso Henry Medeiros. O advogado Braz Sant'Anna alega que a prisão preventiva do médico "não pode ser considerada idônea baseada nos fundamentos alegados", sendo eles garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e eventual futura aplicação da lei penal. No documento, enviado ao DIA, consta uma transcrição do depoimento da babá de Henry para tentar rebater a acusação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) de que Jairinho teria coagido os funcionários do apartamento onde vivia com o enteado e Monique, mãe do menino. Dr. Jairinho é acusado de agredir e matar a criança.
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O advogado do ex-vereador também contesta a acusação de que Jairinho teria mandado limpar o apartamento para atrapalhar o trabalho da perícia. No documento, Sant'Anna cita parte do depoimento de outra funcionária que alega que na manhã do dia 8 de março, horas após a morte de Henry, o médico entrou no imóvel e saiu em seguida, sem dar ordens específicas. "A limpeza e a arrumação das residências são atividades rotineiras de todos os empregados domésticos, não sendo razoável a suposição de que o serviço doméstico foi realizado para o desfazimento do local do suposto crime" alega a defesa no Habeas Corpus.
Braz também alega que Jairinho não tem conhecimento sobre "assuntos relacionados à investigações
criminais" e que não foi informado por autoridade policial que a limpeza do imóvel não poderia ser realizada para não atrapalhar a perícia.
A defesa também cita a cassação do mandato de Jairinho e a classifica como uma conduta de “inquestionável ilegalidade” e que a partir da perda de seu cargo não cabe mais o argumento de que sua influência política poderia permitir uma eventual interferência produção da prova em juízo.
No pedido, Jairinho é apresentado aos desembargadores que julgarão o pedido como alguém que se preocupa com a população e que dispõe de incontáveis qualidades. "Não há espaço neste habeas corpus para descrever as inúmeras virtudes do paciente, pessoa carismática, sincera, amiga, que jamais deixou de ouvir e de estender as mãos a todos que o procuravam nos momentos de infortúnios". Também é apresentada parte da carreira do ex-vereador e as motivações que fizeram cursar medicina, profissão a qual nunca exerceu desde que se formou em 2004.
"A preocupação de Jairinho com a precária assistência de saúde, vista como incapaz de oferecer uma atenção minimamente digna à população carente, o levou ao dilema entre o exercício da medicina, somando-se às centenas de profissionais médicos ou ingressar na carreira política, onde teria a possibilidade de contribuir de forma mais eficaz e abrangente para a mitigação deste problema social", alega o advogado do ex-vereador.
A defesa finaliza om o argumento de que o "clamor público" e a "intranquilidade social" apontados no pedido de prisão, detêm a potencialidade de influir negativamente no mais justo dos julgadores.