Dione Brito (à esq.) cometeu o crime a mando de Jéssica SilvaDIVULGAÇÃO

Rio - Jéssica de Lima Silva, 26, e Dione da Silva Brito, 27, foram condenados a mais de 20 anos de prisão pelo assassinato de Neiva Paula Mendonça dos Santos, esposa do amante da ré, morta no dia 5 de dezembro de 2017, no Bairro Morro Grande, em Araruama, na Região dos Lagos. Os dois foram levados a júri popular e a decisão pela prisão aconteceu na quinta-feira (9) no Fórum de Araruama. Jéssica teria pagado a Dione da Silva o valor de R$ 1 mil e uma televisão de 40 polegadas para matar a vítima, pois não se conformava com o término da sua relação extraconjugal com o marido de Neiva.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Jéssica terá uma pena fixada em 21 anos e 4 meses. Já Dione, por conta dos "mau antecedentes", terá a pena elevada em 1/6 e cumprirá 24 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão.
"O pagamento prometido para o cometimento do crime foi em valor extremamente baixo para justificar que uma vida fosse ceifada, qual seja, R$ 2.000,00 e uma televisão, motivos pelos quais, quanto à qualificadora aplicável a cada um dos réus, elevo a pena em mais 1/3, ou seja, 4 anos, passando a pena para 16 anos de reclusão. Por sua vez, com relação às consequências do crime, entendo que houve grande extrapolação das consequências do crime na medida em que a vítima era bastante jovem, contava com apenas 35 anos, gerando assim grandes traumas para sua família, em especial o filho menor que contava com apenas sete anos e presenciou o momento em que a vítima foi levada de casa, havendo relatos das testemunhas de que a criança sofre enormes danos até os dias atuais", determinou o juiz.
"Ademais, as provas denotam que o crime foi premeditado e planejado, pois os réus teriam se informado sobre a rotina do imóvel da família de modo a realizar a execução no momento em que a vítima chegava em casa com seu filho e enquanto os cães que guarneciam a casa se encontravam presos. Logo, haja vista o enorme trauma causado à família, o que foi facilmente perceptível durante os emocionados depoimentos colhidos, bem como da premeditação do delito em tela, elevo a pena em mais 1/3 da pena até então fixada, ou seja, 5 anos e 4 meses, com o que a pena base dos réus alcança 21 anos e 4 meses de reclusão", explicou o magistrado. 
De acordo com o advogado criminalista Filipe Roulien, assistente de acusação que representa a família de Neiva, as investigações apontam que Jéssica procurou Dione em uma boca de fumo para acertar o crime. Ela não aceitava o fato do amante ter rompido com ela para reatar o casamento. Ainda de acordo com a apuração do assistente de acusação, Jéssica já tinha feito ameaças a Neiva, inclusive chegou a invadir a residência dela para afrontá-la, passando a confrontá-la na frente da sua família de forma constante.

No dia do crime, Dione abordou a vítima no portão de casa, quando ela retornava da escola com o filho, na época com 7 anos. Neiva entrou dentro de casa, deixou seu filho sozinho vendo televisão e disse que já voltava. Ela foi então levada para o lugar onde foi morta com um tiro no rosto, que atingiu a cervical e a levou a óbito.

Na época do crime, a Polícia Civil chegou aos suspeitos pelo crime quando descobriram que o carro de Neiva havia sido roubado. Os agentes localizaram o veículo estacionado no bairro onde Dione morava. A namorada do réu confirmou em depoimento que o veículo havia sido roubado durante uma fuga.

Dione só foi localizado dias depois do crime, em janeiro de 2018, quando foi preso por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Em depoimento, o suspeito, que já era investigado no inquérito que apurava o homicídio, confessou que matou Neiva a mando de Jéssica, que lhe ofereceu na época o valor R$ 2 mil. Como a mandante não conseguiu o valor, então deu R$ 1 mil em espécie e colocou a televisão como garantia do restante.

Jéssica foi presa no dia seguinte, em Araruama, na Região dos Lagos, por policiais da 118ª DP (Araruama). A dupla vai responder pelo crime de homicídio triplamente qualificado. O advogado criminalista Filipe Roulien estima que a pena dos dois pode variar de 12 a 30 anos de prisão em relação ao homicídio. Já Dione pode ter mais 4 anos, acrescentados pelo furto do veículo da vítima.