Operação mira grupo de milicianos que atua em São João de Meriti Divulgação
Outros indícios que reforçam que os paramilitares são violentos, são os homicídios praticados por eles. Na época lotado na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Conte começou a investigar a organização criminosa após descobrir que eles foram os responsáveis pelas mortes de Uelton Diniz dos Santos, executado com 29 tiros em maio do ano passado, e Emidio de Oliveira, executado menos de um mês depois.
"Essa investigação de hoje começou quando nós elucidamos dois homicídios na Baixada. A gente concluiu que havia uma organização paramilitar atuando, e os indiciados por esses homicídios, do Uelton e do Emídio, pertenciam a esse grupo. A partir daí, começamos a investigar o grupo. As motivações dos crimes de homicídio eram diversas, mas eles eram desafetos do grupo. O Emídio, era ligado ao tráfico, e eles queriam expandir a área da milícia. Já o Uelton apoiava um político que não era apoiado pelo grupo", contou o delegado.
A polícia descobriu que os milicianos, além de atuarem como agiotas, realizando empréstimos financeiros sob juros abusivos, também exploravam a venda de gás e água, instalação de serviço de internet e TV a cabo, faziam cobrança de taxa ilegal de segurança para moradores e comerciantes, e controlavam pontos de mototáxi. O grupo atuava nas regiões da Malvina, Venda Velha, Parque José Bonifácio e Pau Branco.
Operação
A operação começou nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, com o objetivo de cumprir 13 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão contra milicianos que atuam em São João de Meriti.
A denúncia oferecida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP) foi recebida pela 1ª Vara Especializada da Capital, responsável pela expedição dos mandados. Entre os denunciados estão quatro PM, que tiveram a exercício da função suspenso pela Justiça.
"Tal organização é estruturalmente ordenada e possui dimensões consideráveis, atuando de forma setorizada, com o objetivo de auferir vantagens, tanto patrimoniais, como de domínio do território e imposição de força, mediante a prática de crimes como homicídios, receptações, extorsões, dentre outros", destaca a denúncia do MPRJ.
Mesmo preso, PM controla milícia da cadeia
O policial militar Nilson Miranda de Carvalho Neto, vulgo Samurai ou Ninja, é apontado como líder da organização criminosa e, mesmo preso, exercia o controle e recebia valores provenientes das extorsões do grupo.
De acordo com a denúncia, o grupo constituía uma milícia conhecida como “Comunidade amiga” ou "Carlinho Azevedo".
Também estão denunciados à Justiça Thiago Gutemberg de Almeida Gomes, vulgo Curisco; Wesley Silva de Almeida, vulgo Nanaiga ou Chanaiga; Paulo Vitor Viana Firmino, vulgo PV; Bruno Barbosa de Abreu, vulgo Bruno do Pau Branco; Leandro da Silva Arante, vulgo Neguinho Menor; Carlos Henrique Silveira dos Santos, vulgo Nego do Gás; Cristiano Militão de Souza, vulgo Cabelinho; Douglas Alves da Silva, vulgo Cupim; Alan dos Santos Farias, vulgo Paraíba; Alex Bonfim de Lima Silva, vulgo Alex Armeiro; Wallace Patrique Cardozo Lucas e Marcos Antonio Roque de Lima, vulgo Tonho da Água.
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