Estação Imunana Elevatória de Água Bruta e ponto de captação de água, em MagéReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - O governo do estado do Rio decidiu criar um Comitê de Segurança Hídrica devido ao baixo volume de chuvas que atinge o país. O comitê será composto por técnicos das secretarias da Casa Civil, do Ambiente e Sustentabilidade, da Cedae e do Instituto Estadual do Ambiente e tem como objetivo lançar um plano de ações com soluções para conter os impactos da situação hídrica. A medida foi publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (24). 
A iniciativa faz parte do Plano Verão, com ações de curto prazo integradas para a qualidade da água e do ecossistema da Bacia do Guandu, que abastece a Região Metropolitana do Rio.

"Vamos atuar de forma preventiva, com um grupo extremamente técnico, para tomar providências que evitem uma situação mais crítica. Ao mesmo tempo, também estamos trabalhando para melhorar a qualidade da água fornecida à população", afirmou o governador Cláudio Castro.

O governo ressaltou que a Cedae acompanha todos os dados sobre a variação dos níveis dos rios onde capta água, e, atualmente, os dois principais sistemas de abastecimento – Guandu e Imunana-Laranjal – operam sem redução na produção de água.

No entanto, a estiagem reduziu a produção em alguns sistemas de abastecimento menores. Por isso, a companhia não trabalha com alerta de racionamento de falta d’água no momento, mas orienta que a população economize.

Plano Verão
O governo informou que o Plano Verão, que é focado na Bacia do Guandu e consiste em medidas para reduzir os riscos de falta de água e a ocorrência de geosmina durante esse período. Entre as ações, está a Implantação de Unidades de Tratamento de Rios (UTRs) na Baixada Fluminense, que resultará em uma diminuição da poluição de rios da região; aumento do volume de bombeamento do Rio Guandu para as lagoas próximas à estação de tratamento de água, como forma de renovar a água, baixar a temperatura e reduzir os fatores que contribuem para a concentração de algas produtoras da geosmina; e desassoreamento dos rios que desaguam no Guandu antes, portanto, da captação para tratamento na ETA Guandu.

O plano também conta com o Programa Sanear Guandu, que atenderá as áreas localizadas fora do perímetro de concessão dos serviços de saneamento por meio de sistemas alternativos de esgotamento, evitando o lançamento diário de três toneladas de carga orgânica na região; automação e modernização das Estações de Tratamento de Água (ETAs); plantio de árvores, ações de reflorestamento e proteção de mananciais e matas ciliares; construção da nova estação de tratamento do Guandu – Novo Guandu; e adoção de medidas para aumentar a oferta de água nos municípios do interior.
Crise hídrica reflete nas torneiras e no bolso da população

A falta de chuva no mês de agosto refletiu nas torneiras e no bolso de quem mora em cidades da Região Metropolitana do Rio. Os reservatórios que abastecem o estado estão abaixo da capacidade e a situação é preocupante. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, a previsão é que os reservatórios na região sudeste continuem em níveis críticos no próximo mês. Com os índices em níveis preocupantes, a previsão é que se tenha menos água para consumir e gerar energia elétrica.
Para a dona de casa Fátima Cristina, ligar o ventilador em casa é apenas para refrescar o ambiente. "A gente escuta os especialistas falando que sem água a energia aumenta. Todo mês falam em bandeira vermelha. Aqui agora é assim, ventilador ligado por 30 minutos e depois desliga. Estamos economizando também na hora de lavar louças e roupas. Tudo tem que ser limitado", disse a moradora de Itaboraí.
Quem passa pelo problema, precisa economizar para comprar. "Você precisa colocar na balança para planejar os gastos. Aqui, por exemplo, apenas a geladeira fica na tomada quando não estamos em casa. Hoje, não é só a questão da crise hídrica, tudo pesa no bolso. Com esses aumentos absurdo, se não economizar não tem dinheiro nem mesmo para as compras de mês", reclama a cabeleireira Mara Pacheco, também moradora de Itaboraí.
Em junho, a taxa extra da energia foi para R$ 6,24 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. Já em julho, subiu para R$ 9,49 centavos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que por conta da crise hídrica a conta de luz deve aumentar em setembro. A taxa extra deve ficar entre R$ 15 e R$ 20 para cada 100 quilowatts-hora.