Camily da Silva Polinário, de 18 anosReprodução
Família de jovem baleada em Anchieta diz que está sendo coagida em hospital
Camily da Silva, 18 anos, está internada no Hospital Getúlio Vargas e aguarda por vaga na sala de cirurgia. Na ação policial, duas pessoas foram mortas
Rio - Familiares de Camily da Silva Polinário, de 18 anos, dizem que estão sendo coagidos por policiais militares dentro do Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV), na Penha, Zona Norte do Rio. A jovem é uma das vítimas baleadas na ação policial que deixou dois mortos e dois baleados no fim da madrugada deste sábado (25) em Anchieta. Os mortos são o estudante Samuel Vicente, de 18 anos, namorado de Camily, e o padrasto William Vasconcelos, de 38. A família não entra em detalhes sobre a coação.
Neste domingo (26), a família voltou a contestar a versão apresentada pela polícia, que alega ter sido atacada por traficantes do Chapadão. Segundo familiares, Camily e Samuel estavam na garupa da moto de William e voltavam de uma festa na região do Complexo do Chapadão. A menina estava passando mal e era levada para uma UPA da região.
Camily está internada no HEGV e apresenta quadro de saúde estável. A família diz que a jovem aguarda por cirurgia. A moça não está sob custódia.
"A mãe dela me procurou e disse que a família está sendo coagida dentro do hospital. A garota não era do tráfico, nunca foi. A irmã pagava pra ela cuidar da sobrinha", diz a tia de Samuel, namorado de Camily.
Os corpos de Samuel e William Vasconcelos ainda estão no Instituto Médico Legal do Rio, na Região Central. A família esteve no IML e voltou a pedir por justiça.
"As mortes do meu filho e do meu marido não vão ficar em vão, eles não eram bandidos. Meu filho ia se apresentar no Exército e meu marido trabalhava em uma farmácia ao lado da nossa casa", disse a dona de casa Sonia Bonfim, esposa de William e mãe de Samuel.
A dona de casa contestou a versão apresentada pelos policiais militares.
"Não havia operação, eles entraram atirando. Chegaram para matar", desabafou Sônia, afirmando que os documentos do maridos ainda não foram localizados. "Eu quero os pertences e documentos do meu marido. Eles (policiais) falaram que bandido não tem documento. Ali não tinha nenhum bandido".
Ainda não há informações sobre horário e local de enterro das vítimas. A polícia não divulgou o nome do segundo baleado na operação. A Polícia Civil informou ao DIA que as armas utilizadas na ação foram apreendidas e que testemunhas estão sendo ouvidas. Além disso, informou que outras diligências serão realizadas para esclarecer os fatos e a origem dos disparos que atingiram as vítimas.
O que diz a PM
A Polícia Militar diz que foi atacada a tiros por criminosos armados enquanto estavam em patrulhamento pela Rua Alcobaça. Após cessar o confronto, a equipe diz ter encontrado três suspeitos feridos. Com eles, a PM afirmou ter encontrado duas pistolas, carregadores, munições, um conversor para submetralhadora, dois rádios comunicadores e drogas. A família nega esta versão.
Jovem estudava
A tia de Samuel, Adriana Maura, diz que sentava ao lado do sobrinho para estudar. Samuel era aluno de um colégio da Polícia Militar, segundo a família.
"Eu não estou aguentando isso, eu sentava ao lado do meu sobrinho para estudar. Ele era estudante, não era bandido", desabafa.
Colaborou Reginaldo Pimenta
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