Henry Borel morreu aos 4 anos de idade. Padrasto e mãe do menino foram acusados e estão presos por homicídioReprodução internet

Rio - A babá do menino Henry Borel, Thayna Ferreira de Oliveira, foi a sétima e última testemunha a prestar depoimento no Fórum do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), já na noite de quarta-feira (6), durante a primeira audiência de instrução do julgamento sobre a morte do menino de 4 anos, ocorrida em março. À juíza do caso, Thayna pediu para que a mãe de Henry, Monique Medeiros, saísse do tribunal para que pudesse depor, e disse que se 'sentia usada' pela ex-patroa. A audiência terminou já no início da madrugada de quinta-feira.
A babá do menino afirmou ainda que Monique tentava 'fazer a caveira' do ex-vereador Jairinho, mas que nunca observou nada que pudesse gerar desconfiança na relação entre o padrasto e Henry. "Eu me senti usada pela Monique durante todo esse tempo. Ela tentou me mostrar um monstro do Jairinho, mas eu nunca vi nada dele. Ela me contou várias coisas dele, fez a caveira", disse Thayna.
A defesa de Monique chegou a pedir a prisão em flagrante da babá, por falso testemunho. O pedido foi negado. Durante o processo das investigações na 16ª DP (Barra da Tijuca), Thayna mudou de versão pelo menos duas vezes. O depoimento de quarta-feira no Tribunal contradiz a própria apuração da delegacia: a Polícia Civil descobriu, através de recuperação de dados no celular de Monique, que Thayná sabia das agressões de Jairinho e contava em tempo real para a mãe da criança.
O novo relato também vai contra o segundo depoimento de Thayná, prestado em abril, quando ela admitiu ter presenciado agressões sofridas por Henry e mencionou ter conversado com Monique Medeiros sobre os incidentes. Antes disso, em março, logo após a morte do menino, no primeiro depoimento, a babá nega que tenha presenciado agressões e fala positivamente sobre a relação do ex-vereador tanto com Monique quanto com Henry. 
Duas testemunhas convocadas pelo Ministério Público não foram localizadas e serão procuradas novamente. Uma delas é a cabeleireira que atendeu Monique no dia em que Jairinho teria agredido Henry pela primeira vez. A outra é a empregada doméstica Leila Rosângela, que trabalhava no apartamento. As próximas audiências de instrução estão marcadas para os dias 14 e 15 de dezembro.
'Me dá mais um dia'
Mais cedo, o pai de Henry, Leniel Borel, foi ouvido na audiência e foi às lágrimas durante o depoimento. Monique também chorou. Leniel afirmou que o menino implorava para não voltar para a casa da mãe, pedindo 'mais um dia' ao lado do pai.
"Eu não dei o último dia para o meu filho. Teve um dia que ele não quis ir ver a mãe e disse: 'Papai eu não quero ir. Me dá mais um dia, papai. Eu quero ficar aqui'. Leniel continua: "Ele se agarrou ao travesseiro dizendo que não queria ir: 'Não, papai. Não, papai. Eu não quero ir'. A Monique pediu ajuda porque o Henry não estava querendo mais ir embora da minha casa e que isso estava gerando dor de cabeça".
O pai da criança cita também uma situação de que Jairinho teria machucado Henry: "Uma vez eu peguei o Henry na casa dele [Jairinho] e ele falou assim: 'Papai, o tio me machucou. Ele me dá abraço forte'. Daí eu perguntei para ele se falou com a mãe e ele disse que ela falou que ele tinha sonhado. A Monique veio me atender e estava com roupa de banho naquele dia, parecia estar na piscina e eu pedi para falar com esse tal 'tio".
"Eu disse a ele: 'Meu filho não quer abraço seu". "Outra coisa que ele falou é que estava ficando sozinho com o Jairo e eu falei que não queria mais isso".
CPI da covid fará representação contra juíza que disse que audiência não viraria circo
A CPI da covid irá solicitar à Corregedoria do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) informações sobre a juíza Elizabeth Louro Machado, responsável pelo caso do homicídio do menino Henry Borel Medeiros, morto no dia 8 de março deste ano.
Na manhã desta quarta-feira, ao intervir uma discussão durante o depoimento da primeira testemunha na fase preliminar do julgamento do caso, a juíza afirmou que não deixaria a audiência ser transformada em um circo, se referindo a CPI da covid-19. No início da tarde, porém, Elizabeth esclareceu que não tinha a intenção de ofender comissão parlamentar de inquérito da covid.
"Isso aqui não é debate, nem CPI. Os senhores não vão transformar isso aqui num circo", afirmou a magistrada.
A manifestação da juíza foi após ela precisar interromper o depoimento do delegado Henrique Damasceno, após discussão entre o promotor do Ministério Público, Fábio Vieira, e o advogado de defesa de Monique Medeiros, Thiago Minagé. O advogado disse que Damasceno estava dando opiniões e não falando sobre os fatos do dia do crime.