Rio - A ONG Rio de Paz realizou, na manhã desta sexta-feira, em Copacabana, na Zona Sul, uma manifestação pela memória dos quase 600 mil brasileiros mortos pela covid-19 desde o início da pandemia. Seiscentos lenços foram pendurados por pregadores pretos em varais na areias de Copacabana, em frente ao Copacabana Palace.
Além dos lenços, quatro faixas foram distribuídas pela instalação. Uma dela trazia a pergunta: "Quem sãos os responsáveis por esta tragédia?". As outras criticavam a postura do governo Bolsonaro diante da crise. O país registrou 451 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas e totalizou, nesta quinta-feira (7), 599.810 óbitos.
"A maior parcela de culpa recai sobre o Governo Federal, por vários motivos. Em primeiro lugar, a falta de empatia do presidente Bolsonaro. Participou de manifestações públicas, inclusive antidemocráticas. Desestimulou o uso de máscara, combateu o distanciamento social, e o seu governo foi incapaz de criar um gabinete de crise, afim de que governadores e prefeitos apresentassem ao país uma política comum para o combate a pandemia", criticou Antonio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz.
"Esses lenços representam as famílias imutáveis. Pessoas que perderam seu bem mais precioso. E entre essas que morreram, muitas que tiveram a vida interrompida, por razão de terem ouvido o presidente.", completou Antonio Carlos.
Ao final da manifestação, os lenços foram entregues ao taxista Marcio Antônio do Nascimento Silva, que perdeu o filho Hugo Dutra do Nascimento Silva para a covid em abril do ano passado. Marcio se tornou símbolo do movimento por recolocar as cruzes na areia de Copacabana, durante uma das manifestações da ONG, retiradas por um homem contrário aos atos.
"Aquele dia, eu estava apenas dando uma caminhada na praia, não estava nem participando. Naquele momento, quando vi as cruzes, senti que meu filho estava representado ali. Foi difícil, mas eu fiquei feliz. Quando cheguei perto e vi aquelas pessoas agredindo o pessoal da ONG, eu não acreditei", recordou Marcio Antonio.
O taxista também também criticou a falta de humanidade de pessoas que não entendem o significado daquelas manifestações. "Eu fiquei muito indignado no momento (que derrubaram as cruzes), porque era como se estivessem pisando, realmente, no tumulo do meu filho. Não saberem o que aquela cruz representava. Sabiam, mas não tem humanidade", disse.
Os lenços serão levados por Marcio Antonio e a ONG a Brasília, no dia 19 de outubro, data de encerramento da CPI da Covid. O material será entregue ao senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da Comissão.
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