Volta às aulas presencias na rede municipal deve seguir protocolos sanitáriosMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - Com o retorno das aulas presenciais no município do Rio, marcado para o dia 18 de outubro, o setor de educação terá novos desafios para lidar com o coronavírus. A médica especialista em saúde pública e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ligia Bahia, diz que o retorno é fundamental no processo de formação dos alunos. Entretanto, ela destaca que é preciso adotar protocolos para que não haja surtos da doença nas unidades. Uma das medidas básicas seria a testagem periódica dos alunos, além da identificação e isolamento daqueles com sintomas de síndrome respiratória ou febre.
O protocolo, segundo o município, determina que quando for necessário, estudantes e profissionais da educação poderão ser encaminhados para a Unidade de Atenção Primária (UAP) mais próxima de sua residência para que seja realizada a testagem.
“Um cuidado essencial que os países fizeram e que o Brasil jamais fez, foi o teste para rastreamento. A gente podia ter testes com amostras de escolas para saber como está a transmissão. Seria muito importante que isso ocorresse e é possível ocorrer. Existem recursos para isso em uma cidade como o Rio de Janeiro”, disse a especialista em entrevista ao Dia.
Ligia diz que a melhor estratégia é realizar a testagem por rastreamento com o objetivo de identificar casos assintomáticos. Para isso, é preciso fazer o maior número possível de testes. A proposta é baseada no sorteio das escolas e dentro das unidades, o sorteio das crianças ou, segundo a especialista, testar todas semanalmente.
“Se a gente fizer isso o tempo todo, a gente consegue ter um monitoramento muito mais cuidadoso das taxas de transmissão [...] A gente teria que ter, de fato, uma metodologia sistemática para um monitoramento, mas isso não quer dizer não abrir as escolas. Está mais do que na hora de reabrir, a educação é uma atividade essencial.”, explicou Lígia.
Alberto Chebabo, membro do Comitê Científico disse que a testagem foi uma das recomendações à Secretaria de Educação e de Saúde. Segundo o município, será mantido o Protocolo Sanitário de Prevenção à covid para as unidades escolares e creches da rede. Se algum estudante testar positivo para covid ou apresentar sintomas que se enquadrem como caso suspeito, todos os estudantes da turma deverão ficar em isolamento por 14 dias a partir do primeiro dia de sintomas, não frequentar a escola e as suas aulas presenciais serão transferidas para o sistema remoto.
A volta às salas de aula no mesmo modelo adotado antes da pandemia ocorrerá em duas etapas. No dia de 18, voltam para as escolas municipais do Rio os alunos da pré-escola, do 1º, 2º, 5º e 9º anos, além dos estudantes do Programa Carioca 2, de aceleração do ensino, que contempla cerca de 4 mil crianças e adolescentes. Já no próximo dia 25, retornam às aulas totalmente presenciais o 3º, 4º, 6º, 7º e 8º anos do ensino fundamental, como também as crianças das creches, os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e das classes especiais.
Duda Queiroga, representante do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio (Sepe) diz que as unidades precisam de mais atenção da prefeitura, pois algumas escolas ainda sofrem com a falta de estrutura para receber os alunos. Segundo ela, a categoria fará uma paralisação durante a votação do Novo Regime Fiscal do Município (PLC 04/21), ainda sem data marcada. Além disso, há uma movimentação da classe para votar uma segunda paralisação após o pleito.
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que cada escola da rede recebeu cerca de R$50 mil para pequenas reformas e compras. O cronograma divulgado pela Prefeitura do Rio prevê o uso de máscara para os profissionais e alunos como medida obrigatória, mesmo com o fim do distanciamento nas salas. A rede conta com 39 mil professores e 14 mil funcionários, como secretárias e merendeiras, que segundo o titular da pasta, Renan Ferreirinha, estão com esquema vacinal completo.
"Nós distribuímos máscaras para todos os nossos profissionais de educação, máscaras PFF2. Nós temos todos os nossos profissionais já imunizados, ou seja, com a segunda dose [...] Seguindo o protocolo sanitário, com uso de máscara, com a utilização de álcool em gel, tudo isso continuará sendo muito importante [...] Os nossos alunos têm dificuldades muito grandes hoje em ler, escrever, em outras disciplinas, isso devido ao impacto da pandemia", afirmou o secretário ao 'RJ2'.
A Associação Brasileira de Educação Infantil (Asbrei) disse que também apoia a decisão do comitê científico da prefeitura sobre a retomada das aulas em formato 100% presencial, e defende que os alunos já foram prejudicados em função do longo período em que as unidades permaneceram fechadas. “A interação é um dos pilares da educação infantil, essencial para o desenvolvimento completo das crianças”, afirmou Frederico Venturini, vice-presidente da Asbrei, por meio de nota.
O diretor do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe-RJ), Lucas Werneck, disse que as unidades já retornaram às aulas presenciais com base nas bandeiras de risco de contágio, com 75% dos alunos. Além disso, os professores também apoiam o retorno presencial pleno.
“As escolas particulares estavam seguindo o cronograma das bandeiras e agora vai voltar todo mundo ao mesmo tempo. Estamos seguindo o protocolo divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde que nos orienta nos procedimentos a serem tomados. Na próxima semana, todo mundo vai voltar com a totalidade, mas claro que mantendo a opção do remoto”, explicou ao Dia.

Baixada e Região Metropolitana
A Prefeitura de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, conta com cerca de 48 mil alunos distribuídos em 116 unidades escolares. O município informou que, semanalmente a Secretaria Municipal de Saúde avalia os riscos de contágio e letalidade em relação ao covid-19, e, por enquanto, a orientação é que a educação não volte a forma presencial plena, devendo manter-se em sua forma híbrida.
Niterói disse que as aulas no sistema híbrido estão ocorrendo desde abril, seguindo todos os protocolos de segurança estabelecidos pelos órgãos de saúde. O número de escolas reabertas, assim como o número de turmas com atividades presenciais, está sendo ampliado de maneira gradual, de acordo com os índices da pandemia no município. A prefeitura informou que Secretaria e a Fundação Municipal de Educação seguem analisando os dados em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde para atualizar protocolos e tomar novas decisões em relação a abertura de mais unidades.
Atualmente, 83 das 94 unidades já estão funcionando de maneira presencial, o que corresponde a 88% da rede municipal. Em algumas unidades, todas as turmas já estão funcionando presencialmente devido a demanda das famílias.

Já a Prefeitura de Nilópolis informou que segue o que determina o decreto municipal 4763/21. Enquanto persistir a bandeira laranja, 75% dos alunos assistirão às aulas presencialmente. Todas as escolas estão sanitizadas, os alunos têm que usar máscaras, cumprir o distanciamento entre eles de 1 metro e utilizar o álcool em gel que está disponível nas salas. Ao entrar, alunos e os profissionais de educação têm a temperatura aferida com o termômetro a laser para verificar se estão ou não com covid-19.

A Prefeitura de Duque de Caxias informou que as aulas tiveram início no dia 08 de fevereiro de forma presencial desde e as medidas de prevenção e os cuidados de higienização nas escolas permanecerão sendo realizados.