Nesta quinta-feira foi iniciada a segunda fase da campanha Vacina Maré, ocorrida no início de agostoMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - Foi iniciada na manhã desta quinta-feira (14) a segunda etapa da campanha Vacina Maré que vai aplicar a segunda dose e dose de reforço em todos os moradores do complexo de favelas da Zona Norte do Rio.
As primeiras doses foram aplicadas no dia 4 de agosto e imunizaram mais de 99% da população local. Agora, os moradores devem completar o ciclo de imunização. O mutirão é realizado pela Fiocruz, que realiza pesquisa sobre vacinação em massa na comunidade, pela ONG Redes da Maré e pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio. A campanha segue até sábado (16).
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Uma cerimônia na Clínica da Família Adib Jatene, na Vila dos Pinheiros, na Maré, inaugurou a campanha na manhã desta quinta-feira. Participaram do evento o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, a representante da Redes da Maré, Luna Arouca, e o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha. A manhã contou com uma apresentação da Orquestra Maré do Amanhã e da dupla Rodrigo Maré e Pablo Carvalho, do Panderolando Maré.
O secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz, comemorou o sucesso da primeira fase da campanha no bairro e reforçou a importancia dos moradores comparecerem para completarem a imunização com a segunda dose e a dose de reforço, no caso de maiores de 60 anos.
"Antes da cobertura vacinal, a Maré era um dos locais com maior índice de transmissão da cidade, com alto índice de internação e óbitos. Hoje, é  um dos lugares com menor índice de transmissão. A gente viu que a vacina AstraZeneca, já na primeira dose, consegue alcançar altos índices de proteção quando tem uma imunidade coletiva", afirmou Daniel Soranz.

A deputada estadual Renata Souza também participa da campanha Vacina Maré. "Como cria da Maré, a gente ajuda a mobilizar os voluntários para a campanha de vacinação. A gente entende que a Fiocruz é um órgão central no Rio de Janeiro e no Brasil para o processo de vacinação", afirmou a deputada.
O influenciador digital da Maré Rapha Vicente foi o primeiro da campanha a se vacinar no dia 4 de agosto. Nesta quarta-feira, ele esteve na clínica Adib Jatene para tomar a segunda dose de AstraZeneca. Em agosto, Rapha faz um vídeo bem-humorado estimulando a comunidade a se vacinar e se prevenir contra a covid-19. Nesta quinta-feira, ele contou que o avanço da vacinação traz esperança e contou que mal pode esperar para poder tirar a máscara e voltar a frequentar a praia.
"Me sinto maravilhoso. Pela segunda vez aqui na Maré estamos tendo essa oportunidade de todas as pessoas se vacinarem. A esperança é que o número de pessoas imunizadas aqui só aumente e que as pessoas continuem se cuidando. A vacina é nossa maior arma para combater esse vírus", contou o influenciador. 
O entregador Mateus Claudino, 21, também compareceu para tomar sua segunda dose de AstraZeneca. Crescido na Maré ele disse estar com grande satisfação de ter participado da pesquisa da Fiocruz. "É uma satisfação muito grande essa oportunidade de se vacinar. Sinto falta da famosa aglomeração. Por mais que a favela seja aglomeração, se Deus quiser vai tudo voltar ao normal", comemorou.
A voluntária da Fiocruz, Isabel Moraes, também estava na clínica coletando dados de moradores e realizando teste sorológico. A fundação monitora os efeitos da imunização no bairro. "Muito gratificante ajudar a comunidade", contou a jovem de 19 anos.
André Luiz, 23, trabalha com vendas na Tijuca. Crescido na Maré, ele recebeu a segunda dose nesta quinta-feira. "Uma dose de esperança. Todo mundo espera a volta do nosso normal", afirmou. 

O mutirão de vacinação na Maré acontece de 8h às 17h nas sete unidades de saúde da Maré; nas associações de moradores Morro do Timbau, Marcílio Dias, Rubens Vaz, Parque União, Baixa do Sapateiro, Vila do Pinheiro e Roquette; e nas três escolas municipais José de Castro, Osmar Paiva e IV Centenário.
Atraso no envio de vacinas
O secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que nas últimas duas semanas a pasta enfrentou problemas no recebimento das vacinas pelo Ministério da Saúde.
"A gente recebeu menos vacinas do que o esperado. Recebemos menos vacinas da AstraZeneca por problemas da produção do IFA nacional. Recebemos menos da Pfizer. A expectativa é que o Ministério volte a entregar as vacinas como previsto no cronograma. Infelizmente, esse atraso compromete a campanha", afirmou durante evento na Maré.
Soranz informou que não foi necessário mudar o calendário. Mas, se o atraso se mantiver, pode compromete o cronograma da dose de reforço. "Os números falam por si. A gente tem uma queda impressionante no número de internados, principalmente nos que tomaram a dose de reforço", ressaltou.
O Ministério da Saúde não retornou à reportagem até a publicação deste texto.