Era possível ver alimentos no chão após ação da Guarda MunicipalReprodução

Rio - Guardas municipais e camelôs que trabalham no Méier, na Zona Norte da cidade, entraram em confronto na tarde desta quinta-feira na Rua Dias da Cruz. De acordo com ambulantes, os agentes chegaram no local e agiram com agressividade. "Eles não tentaram nenhum acordo. Não conversaram com a gente. Foi só agressão física e verbal", disse Geovani Klen, líder dos camelôs do bairro.
O rapaz relatou ainda que durante o confronto, guardas dispararam tiros de borracha. Um deles, inclusive, teria acertado um senhor que passava pelo local.
"Os agentes foram em uma barraca pegar toda a mercadoria e chegaram atirando. Também deram chutes e socos nas pessoas que tentavam nos ajudar. Foi uma total falta de respeito. Parece até que somos lixo", desabafou.
Em um vídeo enviado ao DIA, é possível ver a confusão. Imagens mostram barracas destruídas e alguns produtos no chão, como por exemplo frutas e verduras.
Já Maria do Carmo, conhecida como 'Maria dos Camelôs', disse que a situação dos camelôs é "triste", principalmente em meio à pandemia da covid-19. Ela esteve no local e acompanhou a confusão.
"Isso é muito delicado. Nós estamos vivendo em um momento de desemprego. Têm pessoas passando fome. Gente morrendo. As pessoas estão sendo reprimidas pela prefeitura como se estivessem fazendo algo errado. O que a gente vai fazer se não tiver esse trabalho na rua?", questiona.
Em seu perfil oficial no Instagram, o vereador Chico Alencar (PSOL), divulgou um vídeo da confusão e indagou: "Já pensou se a Guarda Municipal fosse autorizada a usar arma de fogo?".
A reportagem entrou em contato com a Guarda Municipal, que alegou que uma equipe foi agredida por ambulantes irregulares que resistiram a uma ação de ordenamento urbano. Além disso, citou que para dispersar o tumulto, usou "instrumento de menor potencial ofensivo".
Procurada, a Polícia Militar informou que o 3º BPM (Méier) não foi acionado para a região.