Chefe do tráfico na Palmeira, em Belford Roxo, foi preso Divulgação

Rio - Preso na noite de quarta-feira, Richard Ribeiro do Nascimento, o Richão, de 18 anos, é apontado pela Polícia Civil como um dos responsáveis por torturar um homem inocente acusado injustamente por traficantes da comunidade do Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, de ter desaparecido com os três meninos desaparecidos.

Segundo as investigações da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, na época da tortura, em janeiro, Richão era menor de idade integrava o tráfico de drogas do Castelar e exercia a função de segurança.

Em suas redes sociais, ele chegou a realizar uma postagem com a foto da vítima. Na imagem, o homem estava ferido e com um cartaz de papelão amarrado ao corpo com os dizeres "suspeito do desaparecimento das 3 crianças pego por moradores do Castelar". Na legenda da publicação, Richão escreveu "a orelha ficou cmg (comigo)... bebi muito sangue do desgraçado". 
Em publicações na internet, Richão afirmava ter participado da tortura contra um morador do Castelar  - Divulgação
Em publicações na internet, Richão afirmava ter participado da tortura contra um morador do Castelar Divulgação


As investigações da especializada indicaram que o morador do Castelar não tinha nenhum envolvimento no desaparecimento de Lucas Matheus, Alexandre e Fernando, em 27 de dezembro de 2020, e que foi acusado injustamente por traficantes da comunidade que o torturaram, agredindo ele com coronhadas na cabeça de fuzil e pistola, queimando com cano de descarga quente de moto e arrancando um pedaço da orelha com uma mordida, além de socos, chutes e pedradas.

Em julho, a DHBF indiciou dez criminosos pela tortura e contra Richão foi imputado fato análogo ao crime de tortura, já que na época ele tinha 17 anos.

Perfil violento

A tortura do morador do Castelar não foi o único caso onde Richão demonstrou ter um perfil violento. Ele também é investigado por ter sequestrado um policial militar, no dia 24 de setembro, próximo a comunidade do Castelar. Na ocasião, o PM foi atacado com um machado na cabeça.

De acordo com a 54ª DP (Belford Roxo), o militar estava de folga em um bar quando levou uma machadada do bando de Richão e foi arrastado para o interior da comunidade. Baleado com dois tiros, ele teve e arma e moto roubadas pelos traficantes, mas conseguiu fugir do local. Para a polícia, o crime foi cometido apenas porque os bandidos viram uma oportunidade de atacar um agente.

O suspeito também é investigado pela DHBF pelo assassinato de um miliciano. 
Nas redes sociais, Richão se exibia constantemente postando fotos armado com fuzil - Divulgação
Nas redes sociais, Richão se exibia constantemente postando fotos armado com fuzilDivulgação


Nas redes sociais, Richão se exibia constantemente postando fotos armado com fuzil e pistola.

Promovido de segurança a chefe

A Polícia Civil descobriu ainda que o suspeito foi promovido em sua organização criminosa. Ele assumiu a liderança do tráfico da comunidade da Palmeira, também em Belford Roxo, por ordem de Edgard Alves Andrade, o Doca ou Urso, integrante da cúpula do Comando Vermelho (CV).

Sua ascensão aconteceu no final do mês de outubro, após a morte de um outro criminoso conhecido como Lalá, durante uma troca de tiros com agentes da 54ª DP (Belford Roxo) e PMs. 
O criminoso foi preso, na noite de quarta-feira, por PMs do 39º BPM (Belford Roxo) durante uma festa na comunidade da Palmeira. Há informações de pelo menos cinco traficantes presos na ação e da apreensão de um fuzil, pistola e granada.