Lucas e Flávio são julgados no Tribunal do Júri de NiteróiFabio Costa/Agência O DIA

Rio - Lucas Cezar dos Santos de Souza, de 20 anos, reafirmou, em interrogatório na noite desta terça-feira, no Fórum de Niterói, Região Metropolitana do Rio, que comprou a arma usada no assassinato do pastor Anderson do Carmo junto com Flávio dos Santos Rodrigues, mas que não sabia o motivo. Em depoimento, ele afirmou, ainda, que sabia dos planos de parte da família para assassinar o pastor. Os dois estão sendo julgados pela morte do pastor. Flávio usou o diretor de permanecer em silêncio.
"Ele falou que precisava da arma porque estava tendo problemas com o irmão da ex-mulher", disse Lucas, confirmando que Flávio o pediu para que o ajudasse a comprar uma arma devido ao seu envolvimento com o tráfico de drogas.
Lucas disse que a arma foi adquirida dois dias antes do crime. Na noite do assassinato, ele contou que foi deixar uma mochila na casa de Flordelis e saiu para ir a um baile funk. "O Flávio estava em casa. Ele estava acordado e mexendo no celular. Eu disse que voltaria para buscar a mochila antes das 7h. Por volta de 4h ele começou a mandar mensagens perguntando o que eu tinha feito, dizendo que haviam baleado o Anderson e quase atingido a mãe dele", disse.
Perguntado se sabia de planos na família para o assassinato do pastor, Lucas respondeu que sim. Ele afirmou que foi procurado em duas ocasiões por Marzy e Raiane com a oferta de R$ 10 mil para matar o pastor: "A Raiane disse que eu não precisava cometer o crime. Era só arranjar alguém. Aparentemente, o dinheiro seria pago pela Flordelis, porque a Raiane trabalhava em Brasília com ela e a Marzy não tinha trabalho".
Segundo Lucas, Marzy Teixeira da Silva e Rayane dos Santos Oliveira diziam que o pastor Anderson impunha muitas regras, muito controle dentro de casa. E que, com a morte dele, os problemas na família iriam acabar.
Ele também respondeu perguntas sobre a carta que Flordelis teria enviado para ele copiar na cadeia, assumindo a autoria do crime e acusando Luan e Mizael de terem sido os mandantes. "Atrás da carta tinha um recado da Flordelis para mim, dizendo que precisava da minha ajuda, e que iria me ajudar também em tudo que eu precisasse, que nada iria acontecer comigo, pois ela estava em contato com um ministro e com a primeira dama".
A expectativa é que a sentença de Lucas e Flávio sejam proferidas na madrugada desta quarta-feira.
Relembre o caso
O pastor Anderson do Carmo, de 42 anos, marido da então deputada federal e também pastora, Flordelis, foi morto a tiros, na madrugada de 16 de junho de 2019, em casa, no município de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Na ocasião, Flordelis chegou a dizer que ele havia morrido tentando defender a família de criminosos. Entretanto, as investigações apontaram a pastora como a mandante do crime, que teria sido motivado porque Anderson controlava rigorosamente as finanças da família e não permitia tratamento privilegiado das pessoas mais próximas à ex-parlamentar.
Por conta da denúncia, no último dia 11 de agosto, a Câmara dos Deputados cassou o mandato de Flordelis por quebra de decoro parlamentar, por ela ter usado seu mandato para coagir testemunhas e ocultar provas do processo. Dois dias depois, ela foi presa e responde por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada. Antes, quando tinha imunidade parlamentar, ela era monitorada por tornozeleira eletrônica.
Dos 55 filhos biológicos e adotivos da pastora, sete estão envolvidos no crime. Adriano dos Santos Rodrigues, André Luiz de Oliveira, Carlos Ubiraci Francisco da Silva, Flávio dos Santos Rodrigues, Lucas Cezar dos Santos de Souza, Marzy Teixeira da Silva e Simone dos Santos Rodrigues estão presos. Além dos filhos, a neta Rayane dos Santos Oliveira, o ex-policial militar Marcos Siqueira Costa e sua esposa, Andrea Santos Maia, também estão presos por participação no caso. Todos eles irão a júri popular.